As vendas e os lançamentos de imóveis novos no Brasil subiram no primeiro trimestre de 2025, segundo o relatório Indicadores Imobiliários Nacionais, divulgado nesta segunda-feira (19), pela Cbic (Câmara Brasileira da Indústria da Construção).
Entre janeiro e março deste ano, foram vendidas 102.485 unidades residenciais em 221 cidades do país, um crescimento de 15,7% em relação ao mesmo período de 2024, mas uma retração de 4,2% em relação ao trimestre anterior.
Já os lançamentos totalizaram 84.924 unidades, alta de 15,1% na comparação anual, mas queda de 28,2% na base trimestral. Os dados da Cbic mostram que o primeiro trimestre costuma ter menos lançamentos.
Segundo a pesquisa, o volume total lançado nos últimos 12 meses, na mesma amostra, chegou a 407.949 unidades, e as vendas acumuladas no período atingiram 418.136 unidades, aumento de 22,5% em relação ao ano anterior.
“Mesmo em um cenário de crédito caro, o brasileiro segue acreditando no investimento em moradia. A força do MCMV [Minha Casa, Minha Vida], aliada ao crescimento da renda e à estabilidade no emprego, sustenta esse desempenho positivo”, disse Renato Correia, presidente da Cbic, em nota.
O programa de habitação do governo federal foi, segundo a entidade, o protagonista do trimestre, tendo representado por 53% dos lançamentos e 47% das vendas no período. Em relação ao primeiro trimestre do ano passado, houve uma alta de 40,9% nas vendas pelo MCMV e de 31,7% nos lançamentos.
Em um cenário de juros elevados, a maior presença do programa é explicada pelas condições de crédito mais acessíveis, com juros reais próximos de zero, e pelo aumento da participação de estados e municípios com subsídios adicionais.
A projeção da Cbic é de que o mercado imobiliário se mantenha em patamar elevado ao longo de 2025, especialmente com a consolidação da faixa 4 do MCMV, voltada para famílias com renda mensal entre R$ 8.000 e R$ 12 mil mensais.
Segundo a entidade, o desafio está na capacidade de manter a oferta na mesma velocidade da demanda, especialmente no segmento popular.
“A resiliência do mercado imobiliário é evidente. A despeito da Selic elevada e das incertezas macroeconômicas, o desejo do brasileiro pela casa própria continua movendo o setor”, disse Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP e conselheiro da Cbic, em nota.
A oferta final de imóveis —calculada pela relação entre vendas, lançamentos e estoques disponíveis no mercado— totalizou 287.980 unidades em março de 2025, uma redução de 5,5% em relação ao estoque disponível no final de 2024. Com esse volume de estoque, sem considerar novos lançamentos, a Cbic estima um prazo de até 8 meses para o escoamento total da oferta.
No MCMV, a oferta final atingiu 99.518 unidades, queda de 5,6% em comparação ao final de 2024. Com base na média de vendas dos últimos 12 meses, o tempo estimado para o escoamento da oferta é de 6,5 meses.
Já os preços médios dos imóveis tiveram alta de 1,9% no trimestre, acompanhando a variação do INCC (Índice Nacional de Custo da Construção) no período, o que segundo a entidade indica estabilidade nos valores praticados.