A Comissão Europeia reduziu suas previsões de crescimento para a zona do euro, à medida que a política comercial dos EUA desencadeia perturbações econômicas.
O órgão executivo da União Europeia agora espera que a economia da área monetária de 20 membros cresça 0,9% este ano —abaixo da estimativa anterior de 1,3% publicada em novembro. Também reduziu sua perspectiva de crescimento do PIB para 2026 para 1,4%, ante 1,6% anteriormente. As estimativas também foram ligeiramente reduzidas para a UE como um todo.
“A economia da UE está demonstrando resiliência em meio a altas tensões comerciais e um aumento na incerteza global”, disse o comissário de economia da UE, Valdis Dombrovskis, nesta segunda-feira (19), acrescentando: “Mas não podemos ser complacentes. Os riscos para as perspectivas permanecem inclinados para o lado negativo”.
Os cortes nas previsões da comissão ocorrem após o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar uma série de tarifas para o resto do mundo em abril, incluindo taxas “recíprocas” de 20% sobre a maioria das importações da UE. Estas foram reduzidas para 10% por 90 dias em 9 de abril para dar tempo às duas partes para negociar. Tarifas de 25% sobre aço, alumínio e automóveis da UE ainda permanecem.
A mais recente perspectiva de crescimento assumiu que as tarifas recíprocas sobre a maioria dos produtos da UE acabariam em 10%, enquanto as tarifas específicas por setor permaneceriam em 25%, disse a comissão.
Mas, dado que as negociações em andamento ainda não produziram resultados, a comissão reconheceu que uma maior escalada nas tensões comerciais poderia deprimir o PIB (Produto Interno Bruto).
A comissão também considerou “uma redução significativa” no comércio EUA-China. China e EUA negociaram no início de maio um cessar-fogo comercial que reduziu a tarifa principal dos EUA sobre importações chinesas de 145% para 30% por pelo menos 90 dias. Taxas acima de 100% foram “avaliadas como insustentáveis” pela comissão.
Espera-se que a inflação atinja a meta de 2% do Banco Central Europeu mais rapidamente do que o previsto até meados deste ano, e caia para uma média de 1,7% no próximo ano, de acordo com as últimas estimativas da comissão.
A economia da zona do euro superou as expectativas nos últimos trimestres e expandiu 0,3% nos primeiros três meses do ano, embora economistas tenham atribuído o desempenho a fatores pontuais, como o grande número de multinacionais americanas que processam receitas não americanas através de suas subsidiárias irlandesas.
A comissão revisou para baixo nesta segunda as previsões de crescimento em todo o bloco. Espera-se agora que a economia alemã estagne este ano —anteriormente a comissão havia estimado um crescimento de 0,7% para a maior economia da Europa— antes de se recuperar em 2026 para expandir 1,1%.
O fundo de infraestrutura de 500 bilhões de euros (R$ 3 trilhões) da Alemanha, bem como mudanças nas regras da dívida nacional para permitir um aumento nos gastos com defesa, “não foram considerados suficientemente detalhados para serem incluídos” na previsão, escreveu a comissão.
França e Itália devem se sair um pouco melhor, segundo a comissão, com crescimento esperado do PIB de 0,6% e 0,7%, respectivamente, em 2025 —embora essas previsões fossem anteriormente de 0,8% e 1%.
Irlanda, Espanha e Grécia devem continuar a superar o crescimento médio da zona do euro.