A Microsoft disse nesta segunda-feira (19) que vai oferecer modelos de inteligência artificial feitos pela xAI de Elon Musk, pela Meta e pelas startups europeias Mistral e Black Forest Labs a partir de seus próprios data centers.
Os anúncios, feitos na conferência anual de desenvolvedores Microsoft Build, em Seattle, nos Estados Unidos, ressaltaram a natureza mutável do relacionamento da empresa com a OpenAI, criadora do ChatGPT.
No evento, a companhia revelou ainda uma nova ferramenta de IA projetada para concluir tarefas de programação por conta própria.
A Microsoft tem se posicionado como um participante mais neutro na corrida pela IA, demonstrando menos apetite para desembolsar grandes somas de dinheiro para financiar as ambições da OpenAI, enquanto trabalha com empresas concorrentes com o objetivo de expandir as vendas e, ao mesmo tempo, manter o controle dos custos.
O CEO da Microsoft, Satya Nadella, disse que as novas ofertas da xAI, da Meta e de outras serão fornecidas com as mesmas garantias de confiabilidade de modelos da OpenAI hospedados pela Microsoft.
“Isso muda o jogo em termos de como você pensa sobre modelos e provisionamento de modelos”, disse Nadella aos participantes da conferência em discurso de abertura. “É empolgante para nós, desenvolvedores, e podermos misturar, combinar e usar todos eles.”
O anúncio das parcerias ocorre dias depois da polêmica em que um dos modelos da xAI disponível na rede social X através do chatbot Grok fez repetidas referências a um “genocídio branco” na África do Sul.
Musk afirmou no evento que seus programas “buscam a verdade com o mínimo de erros”, acrescentando que “alguns erros sempre serão cometidos”.
Em uma conversa gravada com Nadella, Musk disse que a xAI sempre seria transparente ao reconhecer erros de seus modelos. “É incrivelmente importante que os modelos de IA sejam baseados na realidade”, afirmou o bilionário.
O novo recurso do GitHub Copilot da Microsoft, voltado para programadores, poderá receber algumas instruções —como a descrição de um bug de software e uma estratégia de como corrigi-lo— e começará a trabalhar, pedindo ao usuário para revisar seu trabalho assim que terminar a tarefa.
Na semana passada, a OpenAI lançou uma prévia de um agente semelhante, que ela chama de Codex.
O Microsoft Build apresentou uma visão de um mundo no qual as empresas criarão seus próprios agentes para tarefas diversas. Sua principal oferta nessa área é chamada Azure Foundry —um serviço que permite que as empresas criem seus próprios agentes com base no modelo de IA de preferência.
É provável que esses agentes sejam criados com uma mistura de diferentes modelos de IA, disse à Reuters Asha Sharma, vice-presidente corporativa de produtos das plataformas de IA da Microsoft.
A empresa vai oferecer os modelos Grok 3 e Grok 3 mini da xAI em seus serviços de nuvem, além dos modelos Llama da Meta e as ofertas da startup francesa Mistral e da startup alemã Black Forest Labs, elevando o número total de modelos que oferece aos clientes do Azure para mais de 1.900.
Esses modelos serão executados nos próprios data centers da Microsoft, o que significa que a dona do Windows pode fazer promessas sobre sua disponibilidade em uma época em que os modelos populares ficam frequentemente fora do ar quando a demanda supera a capacidade de atendê-los.
“Uma das partes mais importantes para poder criar um aplicativo e usar perfeitamente os modelos mais populares é garantir que a capacidade reservada que você tem com o Azure OpenAI comece a funcionar nos modelos mais populares”, disse Sharma.
A Microsoft também afirmou nesta segunda-feira que está criando uma maneira de os agentes de IA terem o mesmo tipo de identificador digital que os funcionários humanos dentro dos sistemas de uma empresa.
“O conceito de tratar os agentes como funcionários digitais é o tipo de mudança inovadora que abrirá novos recursos impressionantes, mas também levantará preocupações sobre o impacto que a IA causará no local de trabalho”, disse Bob O’Donnell, presidente e analista-chefe da TECHnalysis Research.