O SUV médio Mitsubishi Outlander teve dias de glória no país. Lançado em 2007, agradou às famílias por seu porte e espaço interno, com opção de sete lugares. Nos anos seguintes, recebeu diferentes versões e evoluções, até que saiu do mercado, no segundo semestre de 2022.
Naquela época, a quarta geração já estava disponível em alguns países. O lançamento global ocorreu no fim de 2021, com o mundo impactado pela pandemia de Covid-19. A crise dos semicondutores reduzia a capacidade de produção em meio a um mercado que voltava a crescer.
A filial brasileira, representada pela empresa HPE Automotores, não recebeu o modelo naquela época e optou por investir em outros produtos. Agora, enfim, a linha atualizada desembarca em um momento de alta nas vendas nos EUA e queda na Ásia, segundo dados financeiros divulgados pela montadora em fevereiro.
O Outlander reestreia com sistema híbrido: o motor 2.4 a gasolina é combinado a um conjunto elétrico. No total, são 252 cv de potência, bem gerenciada pelo câmbio automático do tipo CVT.
O SUV de sete lugares cresceu 1,3 cm no comprimento e agora tem 4,71 m. O espaço foi aumentado, embora a terceira fila de assentos seja limitada a crianças.
A plataforma é compartilhada com o utilitário esportivo Nissan X-Trail, modelo que não é comercializado no Brasil. A união entre as marcas japonesas se deve a uma aliança global, que também inclui a francesa Renault.
A eletrificação não é novidade na linha Mitsubishi no Brasil. A marca ofereceu essa opção em 2015, também em um Outlander. Foi o primeiro PHEV (híbrido plug-in, que pode ser recarregado na tomada) disponível no mercado nacional, apesar de restrito a poucas unidades.
Na época, era possível rodar cerca de 60 km usando apenas eletricidade. A autonomia do modelo atual é de aproximadamente 70 km, mas o valor divulgado é de 58 km, já aplicado o fator de correção adotado em 2023 pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial).
Mas as semelhanças entre o modelo de dez anos atrás e o atual se limitam ao alcance no modo elétrico e à logomarca da Mitsubishi. Enquanto o antecessor era mais rústico, o Outlander 2026 pode trazer luxos como bancos dianteiros com ajustes elétricos e massageador, além de aquecimento disponível até nos assentos laterais da segunda fila.
O pacote completo faz parte da versão Signature, que custa R$ 389.990. Nessa opção, as forrações têm dois tons, preto e âmbar (mas pode chamar de caramelo). Por fora, as rodas de 20 polegadas e os cromados na dianteira destacam o Mitsubishi em meio ao trânsito.
Já o Outlander HPE-S custa R$ 374.990, mas perde alguns equipamentos. Além do massageador nos bancos, itens como som da marca Bose e cortinas nas janelas traseiras são exclusividades da opção mais cara. Todos trazem teto solar panorâmico, ar-condicionado digital de duas zonas e central multimídia com tela sensível ao toque.
Há 11 airbags, incluindo um instalado entre os assentos dianteiros, para evitar ferimentos caso os passageiros se choquem em um acidente. É também uma forma de atrair clientes da marca sueca Volvo, que oferece os híbridos plug-in XC60 (R$ 439.950) e XC90 (R$ 639.950).
Em movimento, o Mitsubishi se destaca pelo silêncio a bordo e força nas retomadas. Os números serão aferidos em breve pelo Instituto Mauá de Tecnologia.
O Outlander não é tão potente e refinado como os concorrentes premium, mas a confiabilidade da marca japonesa e o bom valor de revenda são argumentos a favor do SUV. Há, contudo, alguns problemas trazidos pela demora em chegar ao país.
No intervalo entre 2022 e 2025, as chinesas chegaram com seus híbridos e rapidamente ganharam mercado. A Mitsubishi precisa reconquistar um público que tem apostado no GWM Tank 300 (R$ 333 mil) e no BYD Song Premium (R$ 299,8 mil), e ainda encarar o conterrâneo Toyota RAV-4 plug-in (R$ 402.420)
Além disso, o Outlander deve passar por uma mudança visual em breve, o que pode influenciar os potenciais clientes. O mercado dirá se os sete lugares e todas as demais qualidades do SUV serão suficientes para contornar essas questões.
