O julgamento que apura a suposta responsabilidade da equipe de saúde pela morte de Diego Maradona (1960-2020) foi suspenso por dez dias, para investigar a juíza Julieta Makintach, que foi acusada de ser parcial pelo Ministério Público argentino.
A decisão ocorreu após o procurador Patricio Ferrari solicitar a suspensão para analisar a imparcialidade da juíza, que estaria comprometida com a produção de um documentário sobre a morte de Maradona.
Makintach rebateu as acusações, defendeu sua imparcialidade e afirmou que, se necessário, se afastaria do caso. Ela é uma dos três juízes que conduzem o processo, os outros são Veronica Di Tommaso e Maximiliano Savarino.
Ferrari destacou a seriedade da situação, mencionando a presença dos dois documentalistas, e pediu a suspensão do julgamento, que começou em março em San Isidro (cidade ao norte de Buenos Aires), para resolver questões que ele considerou graves.
“O que sucedeu nas últimas audiências [a suposta influência da equipe do documentário sobre uma das juízas] implica gravidade institucional”, declarou o procurador.
Os advogados das filhas de Maradona apresentaram uma queixa sobre a situação envolvendo o documentário, acusando possíveis crimes como violação de deveres de funcionário público e tráfico de influência.
O advogado Fernando Burlando, que representa duas das filhas do ex-jogador, declarou que a suspensão traria “serenidade, rigor e a continuidade do processo”.
No final da audiência, Makintach expressou a importância de ter provas sólidas para uma denúncia contra um juiz e não descartou a possibilidade de se afastar do caso se a situação exigir. “Para denunciar um juiz, você precisa ter razões bem fundamentadas”, disse.
O julgamento está previsto para durar até julho, com duas audiências por semana e um total de 120 testemunhas. Os réus negam responsabilidade pela morte do ex-jogador, que morreu aos 60 anos de uma crise cardiorrespiratória.
Maradona morreu em uma cama médica em uma residência privada em Tigre, a norte de Buenos Aires, onde se recuperava de uma neurocirurgia.
Sete profissionais de saúde estão sendo acusados de homicídio simples na morte do craque, com penas que podem variar de 8 a 25 anos de prisão.
A família do ídolo acusa a equipe de saúde de negligência e de insistir no tratamento em casa, sem oferecer o atendimento necessário ao ex-jogador, o que os profissionais negam.