A BYD vendeu mais veículos elétricos na Europa do que a Tesla pela primeira vez, marcando um avanço importante nos esforços do grupo chinês para se expandir em mercados internacionais.
Segundo a Jato Dynamics, empresa especializada em inteligência de dados do setor automotivo, a BYD registrou 7.231 carros totalmente elétricos na Europa no mês passado, contra 7.165 da Tesla. O volume mensal da Tesla caiu 49% em relação ao ano anterior, enquanto a BYD teve um salto de 169%.
Considerando também os híbridos plug-in, os registros da montadora chinesa dispararam 359%.
A rápida expansão da BYD na Europa ocorre em meio a uma queda nas vendas da Tesla, atribuída ao envelhecimento de sua linha de produtos e à reação negativa às intervenções políticas de Elon Musk na região.
“Este é um momento decisivo para o mercado automotivo europeu, especialmente considerando que a Tesla lidera o segmento de veículos elétricos a bateria há anos, enquanto a BYD só iniciou oficialmente suas operações além da Noruega e da Holanda no fim de 2022”, afirmou Felipe Munoz, analista global da Jato Dynamics.
As vendas da Tesla continuam em queda nos principais mercados europeus, mesmo após a atualização recente de seu carro-chefe, o Model Y. Musk também anunciou que se afastaria de suas funções no governo dos EUA para focar na gestão da montadora, depois que os lucros do primeiro trimestre caíram ao nível mais baixo desde o quarto trimestre de 2020.
A retração da Tesla na Europa também coincide com o lançamento agressivo de novos modelos elétricos por marcas como Renault, Stellantis e outras, a preços mais acessíveis, para atender às regras de emissões mais rígidas que entraram em vigor na União Europeia neste ano.
No mês de abril, Renault, Škoda, Volkswagen, Audi e BMW também superaram a Tesla em vendas de automóveis totalmente elétricos.
Globalmente, a BYD já superou a Tesla como maior fabricante de veículos elétricos do mundo, impulsionada pela forte demanda no mercado chinês. No entanto, a empresa ainda é considerada uma recém-chegada à Europa, e sua rápida investida no exterior tem causado apreensão entre as montadoras ocidentais.
A BYD e outras empresas chinesas ampliaram seu portfólio na Europa, aumentando as vendas de híbridos plug-in —categoria que não está sujeita às tarifas da UE de até 45% sobre veículos elétricos vindos da China.
Segundo a Jato, o número de veículos elétricos fabricados por montadoras chinesas e registrados na Europa cresceu 59% em abril na comparação anual, chegando a 15.300 unidades. Já os híbridos plug-in aumentaram quase oito vezes, totalizando 9.649 unidades.
Nos últimos anos, a BYD lançou oito modelos em mais de 30 países europeus, incluindo o compacto Seagull, um hatchback com preço inicial de € 22.990 (R$ 146 mil)— praticamente sem concorrência direta no segmento.
“Temos uma missão: fazer com que toda a tecnologia e inovação da BYD cheguem ao maior número possível de clientes no mundo”, afirmou Jolin Zhang, vice-diretora-geral da BYD Europa, durante a conferência Future of the Car do Financial Times na semana passada.
Ela acrescentou que a BYD oferece uma “gama completa” de produtos, desde veículos elétricos até híbridos plug-in, para atender à “diversidade de perfis de consumidores” no continente.
A empresa planeja produzir localmente por meio de suas fábricas na Hungria e na Turquia para lidar com as tarifas, mas parte desses planos esbarra em tensões geopolíticas.
Segundo o Financial Times, a Comissão Europeia está investigando se a China forneceu subsídios indevidos para a primeira fábrica da BYD na Europa, localizada na Hungria.
O plano da empresa de construir uma fábrica no México também enfrenta obstáculos para obter aprovação das autoridades chinesas, diante de preocupações de que a tecnologia de carros inteligentes possa vazar para os Estados Unidos.