Preocupado com o impacto do consignado privado no setor, o departamento de economia da Abras (Associação Brasileira de Supermercados) fez um levantamento com dados do e-Social de 20 mil funcionários de redes associadas e descobriu que, somente em abril, eles tomaram R$ 70 milhões com taxa média de juros de 6,98%, um pouco abaixo do crédito pessoal.
O extrato revela que a Caixa Econômica Federal segue na liderança com o menor juro médio do mercado, 3,3% ao mês. O banco emprestou R$ 15,4 milhões.
Foi seguido por somente por instituições de médio porte –Facta, PicPay, Pan e Parati CFI– que concentraram 76% do volume liberado. O tíquete médio foi de cerca de R$ 500.
Juntos, Bradesco, Itaú e Safra concederam somente R$ 800 mil com taxas entre 5% e 6,24%. Com R$ 3,6 milhões liberados, o Banco do Brasil só atendeu 442 funcionários do setor.
Segundo a Abras, os juros médios dos empréstimos variaram entre 3,0%, na média mais baixa, e 20%, na mais elevada. Os juros mais elevados (22%) foram praticados pelo Banco Ribeirão Preto.
Demissões
A preocupação do setor é o aumento da inadimplência e que esse movimento leve a uma onda de pedidos de demissão como forma de interromper os débitos das prestações do consignado na folha de pagamento.
Segundo analistas da Abras, muitos funcionários, que já estão endividados, acabam entrando no consignado e o risco é que os descontos, somados a outras dívidas, acabem reduzindo os salários a um patamar que torna a subsistência desses trabalhadores inviável – estimulando demissões.
O “turnover” preocupa não somente os supermercadistas, mas outros setores do ramo de serviços, como limpeza e manutenção.