/ May 23, 2025

IA do Google derruba clique em link da busca e alerta site – 23/05/2025 – Tec

Pouco mais de um ano depois de o Google começar a implantar respostas formuladas com inteligência artificial nos resultados da busca, pesquisas e relatos de donos de sites começaram a mostrar que a janela lançada em maio de 2024 faz despencar a taxa de cliques nos links exibidos abaixo dela.

Uma análise quantitativa da agência Ahrefs (especializada em produzir conteúdo para aparecer na pesquisa do Google) publicada em 17 de abril mostrou que o número de cliques no primeiro link exibido na busca nos casos em que a big tech exibe resposta automática cai 34,5% em relação às pesquisas sem o acionamento do recurso.

Os autores compararam os resultados de 300 mil buscas feitas em março de 2024, quando a ferramenta AI Overviews (resumo gerado com IA) ainda estava inativa, e o mesmo mês deste ano.

Nesse cenário de prejuízo para os donos de site que dependem do tráfego vindo do buscador para obter receitas com anúncios, o gigante da tecnologia anunciou nesta terça-feira (20) que acrescentará uma nova aba para responder pesquisas acionando modelos de linguagem —o AI Mode. O risco, segundo os autores do estudo, é que a abordagem do Google crie buscas com zero cliques.

A medida, alertam entidades da mídia e pesquisadores, ameaça a sustentabilidade da imprensa profissional e de autores que vivem de publicar conteúdo na internet, uma vez que o número de visitas é diretamente proporcional às receitas com publicidade. Procurado para comentar o impacto das buscas com IA sobre o tráfego na internet, o Google não respondeu até a publicação desta reportagem.

Em seu blog oficial, a empresa diz que os usuários do AI Overview (1,5 bilhão de pessoas por mês de acordo com o último balanço da companhia) estão cada vez mais felizes com os resultados das buscas. O Google diz que nos EUA e na Índia, os maiores mercados para a big tech, o recurso impulsionou um aumento de 10% na busca por termos que entregam os resumos como resposta.

O Google diz que o AI Mode “pode realizar centenas de pesquisas, raciocinar através de informações variadas e criar um relatório completo de nível especializado com citações em apenas minutos, economizando horas de pesquisa”.

Outra pesquisa da consultoria Terakeet aponta que uma página estar de fora da lista de links sugeridos dos resumos reduz seus cliques, enquanto ser incluída ou citada em uma dessas respostas resulta em uma vantagem expressiva de tráfego. O Google, no entanto, não divulga os critérios para uma página ser incluída.

Em entrevista ao site The Verge no ano passado, o CEO do Google, Sundar Pichai, havia afirmado, ao contrário do que mostrou a pesquisa da Ahrefs, que os resumos “na verdade aumentariam o número de cliques quando eram recomendadas no resumo de IA”.

Ferramentas de análise de audiência, como o Google Analytics, não diferenciam se o leitor veio de um link da lista normal ou de um exibido no resumo de IA, o que impossibilita avaliar se o recurso gera tráfego.

“O lançamento do AI Overview mostrou que o Google está muito satisfeito com a habilidade de satisfazer os usuários com conteúdo criado por inteligência artificial”, afirmou o diretor da agência Ahrefs, Ryan Law, e autor do estudo sobre a queda nos cliques em publicação no LinkedIn. O aumento no número de busca indica alta no engajamento, o principal indicador para remuneração no mercado de publicidade online.

Embora o Google não explique para o público quando os resumos de IA aparecem, usuários notam que o recurso é acionado sobretudo em perguntas sobre “como fazer algo” ou “o que é isso”. Assuntos políticos ou sobre os quais não há consenso na sociedade são evitados.

Artigos que fornecem tutoriais para o leitor ou que respondem a curiosidades são comuns em portais jornalísticos e em blogs especializados, cujo sucesso na economia digital foi impulsionado pelo próprio buscador, que nos anos 2010 começou a incentivar endereços de nicho.

No caso do novo AI Mode, o site britânico Press Gazette, especializado na cobertura da imprensa, alerta que os links exibidos pelo modelo de linguagem aparecem na mesma cor do que o restante do texto, diminuindo a chance de o leitor clicar.

Para a presidente da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) Samira de Castro, as decisões da big tech representam um novo estágio do “self-preferencing” —em que a própria resposta da IA se torna o destino final do usuário, em vez de direcioná-lo à matéria original.

“Tal prática exige urgente escrutínio regulatório e concorrencial, pois ameaça diretamente a sustentabilidade do jornalismo e o direito da sociedade à informação confiável e plural”, afirmou Castro.

A supervisora de programa da organização internacional Artigo 19 Paula Guedes recordou que em certas jurisdições, como na União Europeia e no Reino Unido, o gigante das buscas é classificado como um “gatekeeper” —um negócio que influencia como as pessoas acessam partes da internet e cujas decisões afetam todo o mercado digital.

A ANJ (Associação Nacional de Jornais) afirmou que o uso de conteúdos jornalísticos em modelos de IA só pode ser feito com autorização expressa dos proprietários destes direitos autorais e de que o produto jornalístico, pelo seu valor, deve ser adequadamente reconhecido quando usado por terceiros.

Diferentemente de concorrentes como OpenAI e Perplexity, o Google não fechou acordos com empresas jornalísticas para pagar pelo conteúdo minerado.

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