/ May 24, 2025

OnlyFans tem uma chance de se livrar de sua imagem – 24/05/2025 – Mercado

Se Sylvester Stallone, astro de “Rocky”, conseguiu migrar do cinema pornô para o estrelato em Hollywood, por que o OnlyFans não poderia seguir caminho semelhante? A plataforma britânica de streaming, conhecida principalmente pelo conteúdo sexual, está em negociação para ser vendida a um fundo de private equity por um valor estimado em US$ 8 bilhões (R$ 45 bilhões). Se o novo dono conseguir suavizar sua imagem, a empresa pode valer muito mais.

Apesar da fama de site adulto, o OnlyFans oferece mais do que isso. Seu modelo de negócios, visto de forma mais ampla, é bem mais versátil: a empresa fornece aos criadores de vídeo uma vitrine, ferramentas e um sistema de pagamento. Ou seja, quem produz o conteúdo faz o trabalho pesado. É um modelo escalável —a receita pode crescer muito sem que os custos acompanhem no mesmo ritmo.

Investidores valorizam esse tipo de operação. Basta pensar no Reddit, avaliado em US$ 19 bilhões. O conteúdo dos fóruns é gerado gratuitamente pelos próprios usuários, o que atrai anunciantes e garante uma margem bruta de 90%. O mesmo vale para a Roblox, que oferece ferramentas para a criação de jogos e mundos virtuais dentro da plataforma. As ações das duas empresas mais que dobraram desde o início de 2024.

Do ponto de vista de avaliação —e deixando de lado, por um momento, o conteúdo adulto— o OnlyFans pode ser mais como o Airbnb, um hub de aluguel de temporada, e a gigante do compartilhamento de viagens da Uber, no sentido de que uma boa parte dos lucros retorna para aqueles que fazem o trabalho. O Uber, cuja fatia de 25% do total de tarifas é comparável à fatia de 20% do OnlyFans, é negociado a mais de 20 vezes o Ebitda.

Vamos, então, a um exercício de imaginação. O OnlyFans teve cerca de US$ 650 milhões (R$ 3,6 bilhões) de Ebitda em 2023, segundo dados de registros fiscais no Reino Unido. Supondo que a taxa de crescimento anual de 20% se mantenha, a empresa pode alcançar US$ 1 bilhão em 2025 (R$ 5,6 bilhões). Com o mesmo múltiplo da Uber, isso implicaria uma avaliação de US$ 20 bilhões (R$ 113 bilhões). Os US$ 8 bilhões (R$ 45 bilhões) hoje em discussão indicam um desconto enorme —ainda que comparando com uma companhia muito maior.

Na realidade, o conteúdo pornográfico ainda é visto como um estigma por muitos investidores —e não sem motivo. Vários estados americanos, como Alabama e Virgínia, aprovaram restrições a sites adultos. Mesmo com o bloqueio rigoroso a menores de idade, a combinação de pressão política e receios de empresas de pagamento cria instabilidade. Executivos do OnlyFans já enfrentaram até dificuldades com suas contas bancárias pessoais.

Qualquer comprador, portanto, estaria apostando em uma reinvenção, ou, pelo menos, em uma diversificação. O OnlyFans já tenta isso, buscando atrair chefs de cozinha e influenciadores de fitness. Mas a transição é difícil. A Playboy, por exemplo, tentou virar uma marca de estilo de vida voltada para “prazer e lazer” e fracassou. Suas ações estão hoje 85% abaixo do valor da estreia na bolsa, em 2021.

Um exemplo mais inspirador talvez não venha de uma empresa, mas de um lugar: Las Vegas. A cidade passou décadas tentando reduzir sua dependência do jogo e oferecer atrações mais “família”. A aposta tem dado certo em parte: no ano passado, o jogo representou pouco mais de 15% da receita total com turismo em Nevada. Se até a “Cidade do Pecado” conseguiu suavizar sua imagem, talvez o OnlyFans também tenha uma chance.

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