/ May 24, 2025

Países correm por acordo com EUA antes de tarifas; entenda – 23/05/2025 – Mercado

Faltando 45 dias para o fim da trégua tarifária de 90 dias imposta pelo presidente dos Estados Unidos Donald Trump, empresas, consumidores e governos continuam mergulhados em incerteza sobre os rumos da política comercial do país. E o tempo que ainda resta dificilmente trará clareza total.

O próprio Trump já indicou que nem todos os países conseguirão firmar acordos até o prazo final de 9 de julho. “Cento e cinquenta países querem negociar”, afirmou, “mas muitos receberão apenas a definição da tarifa que terão de pagar”. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, reforçou o recado: “Se não estiverem negociando de boa-fé, vão receber uma carta dizendo ‘esta é a tarifa’.”

Para Kelly Ann Shaw, ex-assessora de comércio de Trump e hoje sócia no escritório Akin Gump Strauss Hauer & Feld, uma onda de acordos deverá ser fechada nos últimos dias antes do fim da suspensão das tarifas. Ela diz que 90 dias é um prazo incrivelmente ambicioso.

“Minha impressão é que estas são negociações reais para os cerca de 18 principais parceiros comerciais e que, após 9 de julho, os países que ficaram na reta final receberão um documento com compromissos que poderão aceitar ou rejeitar em troca de uma nova tarifa.”

O impasse envolve mais do que a agenda comercial de Trump: para o Federal Reserve e outros bancos centrais, tarifas (e seu possível aumento) são um entrave ao crescimento econômico, afetam mercados financeiros e pressionam a inflação — fatores decisivos para decisões sobre juros. Quanto mais demoram os acordos para redução tarifária, maior a tendência de que o Fed mantenha os juros inalterados.

Como estão as negociações entre EUA e seus principais parceiros comerciais:

Reino Unido: 10%

Trump celebrou o acordo anunciado em 8 de maio com o premiê britânico Keir Starmer como “amplo e completo”, embora o pacto abranja apenas alguns setores e mantenha a tarifa-base de 10% para produtos britânicos. O acordo inclui exceções para os setores automotivo e siderúrgico do Reino Unido, alvos de tarifas setoriais de 25% nos EUA que geraram alerta sobre perda de empregos. Ainda não está claro quando as reduções tarifárias entrarão em vigor, qual será o teto de exportações de aço britânico e quais exigências de segurança os EUA imporão à propriedade das usinas no país.

China: 34%

Sob pressão de mercados financeiros instáveis e de importadores americanos preocupados com escassez e aumento de custos, Trump anunciou em 12 de maio a suspensão parcial das tarifas sobre produtos chineses por 90 dias: as taxas caíram de 145% para 30%. Pequim, por sua vez, reduziu seus tributos a 10%. Esse hiato, até meados de agosto, deve servir para uma série de rodadas de negociação, com o uso de um “mecanismo” citado por Bessent. Segundo ele, o “acordo de fase 1” assinado por Trump em 2020 com a China serve de inspiração, embora “o mundo tenha mudado, os produtos tenham mudado —tudo está sobre a mesa”.

União Europeia: 20%

Em 13 de maio, Bessent afirmou que a UE sofre de um “problema de ação coletiva” que atrapalha as negociações. Uma semana depois, Bruxelas enviou uma nova proposta para os EUA. Há uma ligação agendada para esta sexta-feira (23), mas, segundo a Bloomberg, a expectativa de avanços é baixa. Um diplomata europeu descreveu o documento americano como uma “lista de desejos irrealista”.

Índia: 26%

O ministro do Comércio da Índia, Piyush Goyal, encerrou uma visita de quatro dias a Washington dizendo ter tido uma “reunião construtiva” com seu homólogo americano Howard Lutnick. Segundo a Bloomberg, a Índia pretende concluir o acordo em três fases: a primeira até julho, abrangendo acesso a mercados industriais, alguns produtos agrícolas e barreiras não tarifárias. A segunda, mais abrangente, deve vir entre setembro e novembro. A última etapa, um pacto comercial completo, dependerá da aprovação do Congresso americano, provavelmente em 2026. EUA e Índia querem fortalecer o comércio bilateral em meio à crescente rivalidade com a China.

Japão: 24%

Negociadores japoneses estão em Washington nesta semana. Ryosei Akazawa, chefe da força-tarefa japonesa para tarifas, disse esperar um acordo em junho. Além da tarifa recíproca, o Japão está preocupado com a taxa de 25% sobre carros e com a oferta da Nippon Steel para comprar a US Steel por US$ 14,1 bilhões (cerca de R$ 80 bilhões). Mas Tóquio dá sinais de que prefere negociar com calma a ceder rapidamente. O premiê Shigeru Ishiba, após conversar com Trump, reforçou: “Temos reiterado o pedido de remoção das tarifas.”

Coreia do Sul: 25%

Delegados sul-coreanos estiveram em Washington até sexta-feira para a segunda rodada de discussões técnicas, em seguimento às negociações ministeriais da semana anterior. O foco está voltado para seis áreas: comércio equilibrado, barreiras não tarifárias, segurança econômica, comércio digital, regras de origem e questões comerciais gerais.

Vietnã: 46%

O Vietnã anunciou avanços na segunda rodada de negociações. Após três dias de encontros, foram identificados grupos de temas com consenso e outros que exigem mais debate. As conversas continuam em junho, com equipes técnicas designadas para “intensificar os contatos e alcançar um acordo que atenda às expectativas e condições de cada lado”, disse o Ministério do Comércio.

Tailândia: 36%

O ministro do Comércio tailandês, Pichai Naripthaphan, afirmou que o país está pronto para negociar em Washington “em breve”, após se reunir com o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer. A premiê Paetongtarn Shinawatra determinou o endurecimento dos critérios para emissão de certificados de origem, medida que visa facilitar as tratativas. O governo espera reduzir em até US$ 15 bilhões por ano o déficit comercial com os EUA com o novo pacote.

Canadá

Embora tenha escapado das tarifas recíprocas de Trump, o Canadá foi atingido por outras medidas, como a ordem executiva que impôs uma tarifa de 25% sobre a maioria das importações canadenses em 4 de março. Contudo, produtos cobertos pelo Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA) foram isentos. A recente onda tarifária sobre automóveis, aço e alumínio ainda ameaça o mercado altamente integrado entre os dois países. O premiê Mark Carney busca um novo acordo comercial —possivelmente uma versão atualizada do USMCA—, mas ainda não há cronograma para as negociações.

México

Também signatário do USMCA, o México conseguiu isenção para 86% dos produtos comercializados com os EUA, segundo o ministro da Economia, Marcelo Ebrard. No entanto, veículos com peças de fora dos EUA continuam sujeitos a tarifas de cerca de 15%. O governo mexicano busca tratamento preferencial em meio a colaborações com os EUA na área de segurança. A presidente Claudia Sheinbaum afirmou ter discutido as tarifas sobre aço e alumínio na última conversa com Trump.

Com colaboração de Nguyen Xuan Quynh, Brian Platt, Maya Averbuch, Joe Mayes, Alberto Nardelli e Patpicha Tanakasempipat.

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