A GAC tem um desafio que vai além da conquista do mercado brasileiro: fazer com que o público pronuncie o nome da marca chinesa como gê-a-cê, e não como gá-que. Talvez seja mais fácil ir bem nas vendas.
A montadora estreou com uma estratégia ousada. De uma só vez, abriu 33 concessionárias, além de ter 50 pontos de demonstração espalhados por shoppings do país. Cinco carros estão sendo lançados ao mesmo tempo, sendo quatro 100% elétricos e um híbrido.
A predominância de modelos apenas a bateria neste primeiro momento traz dúvidas sobre o potencial de vendas, já que o mercado tem mostrado preferência pelas opções que conciliam eletricidade e combustão. Mas a empresa parece entender bem os diferentes cenários nacionais, incluindo o político.
“Há alguns dias o presidente Lula foi à China, e isso garantiu o enraizamento da nossa empresa no Brasil”, disse Feng Xingya, chairman da empresa, durante o evento de apresentação dos modelos da GAC, realizado em São Paulo na última sexta (23).
“O Brasil é o sexto maior mercado do mundo, é maduro, e aproveitamos a oportunidade gerada pelo programa Mover”, afirmou ainda o executivo, em referência ao regime automotivo que oferece incentivos para a produção local.
A GAC planeja produzir no país. No encontro com Lula, realizado no dia 12, o CEO da montadora chinesa, Wei Haigang, confirmou um investimento de US$ 1,3 bilhão (R$ 7,39 bilhões) para produzir carros elétricos e híbridos em Goiás e erguer um centro de pesquisa e desenvolvimento no Nordeste.
Por enquanto, as novidades são os carros importados. O modelo com maior potencial de mercado é o SUV médio GS4, com tecnologia híbrida plena, semelhante à oferecida no Toyota Corolla Cross XRX Hybrid, que custa R$ 219.890.
O modelo da GAC é anunciado por R$ 189.990 nesta primeira fase de vendas. Com 4,68 m de comprimento e 2,75 m de distância entre os eixos, tem bom espaço interno e oferece 235 cv de potência combinada. A garantia é de cinco anos ou 150 mil quilômetros.
Daí por diante, todos os modelos oferecidos pela marca chinesa são 100% elétricos. O mais em conta é o sedã médio Aion ES, anunciado por R$ 169.990. Essa opção tem 4,81 m de comprimento e autonomia para rodar 314 km com uma carga completa, de acordo com o padrão adotado pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial).
Em seguida vem a minivan Aion Y, que até tenta se passar por um utilitário esportivo com alguns adereços na carroceria. O que mais chama a atenção são os faróis, apelidados de “asas de anjo” pela equipe de marketing da fabricante. O motor tem 204 cv de potência, e a autonomia é de 318 km.
O SUV Aion V traz linhas mais quadradas e preço sugerido de R$ 214.990. É um carro mais luxuoso e, embora tenha os mesmos 204 cv do Y, traz baterias maiores e autonomia para rodar 389 km com uma carga, de acordo com o Inmetro.
O topo da linha GAC no Brasil é o utilitário de estilo cupê Hyptec HT. O motor elétrico chega a 245 cv, com alcance de 362 km. O preço parte de R$ 299.990, mas pode chegar aos R$ 349.990 caso a opção Ultra seja a escolhida. Nesse caso, há portas traseiras do tipo asa de gaivota, com abertura elétrica. É o mesmo sistema adotado no Tesla Model X.
Todos os carros elétricos da marca chinesa têm garantia de oito anos ou 160 mil quilômetros (200 mil quilômetros para as baterias). A montadora espera vender 37 mil carros desde o lançamento até o fim de 2026.