Quatro ex-diretores da Volkswagen (VW) foram considerados culpados de fraude relacionada ao “dieselgate”, dez anos após a descoberta de um escândalo de fraude de emissões que já custou à empresa mais de 32 bilhões de euros (R$ 205,8 bilhões)
Um tribunal regional alemão sentenciou nesta segunda-feira (26) o ex-chefe de desenvolvimento de motores a diesel da empresa a quatro anos e meio de prisão, enquanto o ex-chefe de tecnologia de propulsão recebeu dois anos e sete meses, segundo a agência de notíciais Deutsche Presse-Agentur. Duas outras penas suspensas foram aplicadas.
Embora o veredicto do tribunal de Braunschweig, na Alemanha encerre um julgamento de quase quatro anos, sua conclusão está longe de ser o fim das tentativas dos promotores de descobrir quão amplamente a fraude de emissões era conhecida dentro da empresa. Um porta-voz do tribunal disse nesta segunda que quatro outros processos criminais contra um total de 31 réus ainda estavam pendentes.
A Volkswagen também enfrenta um processo civil separado, onde investidores buscam indenizações alegando que a empresa não informou os mercados a tempo sobre o uso de software ilegal de emissões.
Para o julgamento, a promotoria reuniu mais de 75 mil páginas de evidências para estabelecer quem dentro da liderança da empresa sabia sobre —ou ajudou a orquestrar— sua ampla fraude de emissões.
Enquanto vários executivos seniores, incluindo o presidente do conselho de supervisão Hans Dieter Pötsch, evitaram julgamento depois que a empresa pagou 9 milhões de euros (R$ 57,9 milhões) em 2020 para resolver acusações de manipulação de mercado, o ex-CEO Martin Winterkorn permaneceu sob processo criminal.
Winterkorn, que negou as acusações, originalmente fazia parte do julgamento que foi concluído nesta segunda-feira, mas seu caso foi separado depois que sua defesa alegou que problemas de saúde o impediam de comparecer ao tribunal.
Os procedimentos contra o ex-chefe da VW deveriam ser retomados no ano passado, mas em janeiro o tribunal de Braunschweig cancelou todas as audiências programadas, citando parecer especializado de que Winterkorn estaria inapto para ser julgado “pelo menos nos próximos meses”.
Muito poucos funcionários da VW foram condenados por fraude no escândalo de emissões de diesel, no qual a empresa instalou software em milhões de veículos para fazê-los parecer muito mais ecológicos do que realmente eram.
O único diretor sênior da VW a cumprir pena de prisão por seu envolvimento no escândalo é Oliver Schmidt, ex-chefe de assuntos ambientais e de engenharia da empresa em Michigan. Em 2017, Schmidt foi condenado a sete anos de prisão por um tribunal em Detroit, após ser preso enquanto estava de férias nos EUA.
Em 2023, o ex-chefe da Audi, Rupert Stadler, declarou-se culpado de fraude por omissão em um tribunal de Munique, mas evitou a prisão, recebendo uma pena suspensa.
A VW disse nesta segunda que não esteve envolvida nos “processos criminais” concluídos no julgamento, e disse que não espera que o veredicto tenha “consequências significativas” para o processo civil em andamento.