Vários governos da UE (União Europeia) sinalizaram que desejam um acordo rápido com os EUA para evitar a ameaça de Donald Trump de tarifas de 50% sobre o bloco, instando a Comissão Europeia a manter conversações com Washington em vez de seguir o caminho do confronto.
A primeira-ministra italiana Giorgia Meloni falou com a presidente da comissão Ursula von der Leyen durante o fim de semana, pedindo-lhe para resolver as diferenças com Trump através de negociações, segundo funcionários italianos.
O órgão de Bruxelas acrescentou que a líder italiana foi uma de vários líderes da UE que falaram com a presidente da comissão após o anúncio de Trump na sexta-feira sobre seus planos para o aumento das tarifas.
Von der Leyen então persuadiu o presidente dos EUA a adiar o aumento das taxas por mais de um mês para 9 de julho em uma ligação telefônica no domingo.
França, Espanha, Irlanda e Bélgica também receberam bem a tentativa de acelerar as negociações e evitar a escalada da guerra comercial transatlântica.
Trump disse em uma publicação em sua rede Truth Social que foi informado por von der Leyen que “as conversas começarão rapidamente”. Ele acrescentou que era seu “privilégio” adiar o aumento das tarifas da data anterior de 1º de junho.
Meloni, que estabeleceu uma boa relação tanto com Trump quanto com von der Leyen, também propôs uma cúpula entre líderes das grandes economias da UE, altos funcionários da comissão e o presidente dos EUA no próximo mês para reduzir as tensões.
Trump deve visitar os Países Baixos para a cúpula da Otan nos dias 24 e 25 de junho, uma viagem que poderia proporcionar uma oportunidade para mais conversas presenciais.
Em comentários nesta segunda-feira (26), o presidente francês Emmanuel Macron disse que Trump e a presidente da comissão tiveram uma “boa conversa”. “Espero que possamos continuar neste caminho e voltar às tarifas mais baixas possíveis que permitirão trocas frutíferas”, disse a repórteres durante uma visita ao Vietnã.
José Manuel Albares, ministro das Relações Exteriores da Espanha, acrescentou que a ligação telefônica significava que as conversas estavam indo na “direção certa”, enquanto seu homólogo irlandês Simon Harris, cujo país tem a indústria farmacêutica exposta a potenciais novas tarifas dos EUA, pediu um acordo para “proteger empregos e investimentos”.
A Bélgica, cuja economia relativamente pequena depende de exportações, também saudou a abordagem “construtiva” de von der Leyen.
A porta-voz de von der Leyen, Paula Pinho, disse que a presidente da comissão e Trump concordaram em “acelerar” as conversas, com uma ligação entre seus dois principais negociadores na segunda-feira.
O comissário de comércio da UE, Maroš Šefčovič, está programado para falar com Howard Lutnick, secretário de comércio.
Embora a comissão conduza a política comercial, Pinho disse que von der Leyen estava em “contato regular” com os líderes da UE para buscar opiniões. A presidente da comissão não mencionou a defesa dos interesses da UE, uma linha usada por Šefčovič depois de ter conversado com homólogos dos EUA.
Os Estados-membros aprovaram um pacote de 21 bilhões de euros (R$ 135 bilhões) de tarifas de até 50% sobre produtos americanos como milho, trigo, motocicletas e roupas, que entrarão em vigor em 14 de julho sem um acordo. A comissão também está consultando os Estados-membros sobre uma lista de outros alvos no valor de 95 bilhões de euros (R$ 611 bilhões), incluindo aeronaves Boeing, carros e uísque bourbon.
Quando Trump fez sua ameaça de tarifas de 50% sobre importações da UE na sexta-feira (23), ele disse que o bloco não havia feito progresso suficiente respondendo às demandas dos EUA para reduzir seu superávit comercial.
Ele originalmente anunciou 20% sobre importações da UE em 2 de abril, seu autoproclamado Dia da Libertação, mas reduziu-as pela metade ainda naquele mesmo mês durante um período de negociação de 90 dias que terminará em 9 de julho.
