/ May 28, 2025

Por que a IA não roubou seu emprego – 27/05/2025 – Mercado

Quase toda semana o mundo dá mais um passo em direção à superinteligência artificial. Os modelos de IA mais poderosos podem realizar uma impressionante variedade de tarefas, desde escrever relatórios detalhados até criar vídeos sob demanda. As alucinações estão se tornando menos problemáticas.

Não é de admirar, então, que tantas pessoas temam logo se tornarem dispensáveis. No início deste ano, as pesquisas globais no Google por “desemprego por IA” atingiram um recorde histórico. Em cidades como Londres e São Francisco, “Quanto tempo você acha que ainda tem?” é um tópico comum de conversa. Mas o ChatGPT está realmente tirando o emprego de alguém?

Muitos especialistas afirmam que sim. Vários apontam para um artigo recente de Carl Benedikt Frey e Pedro Llanos-Paredes, ambos da Universidade de Oxford, que sugere uma ligação entre a automação e a queda na demanda por tradutores. Ao mesmo tempo, no entanto, dados oficiais americanos sugerem que o número de pessoas empregadas em interpretação, tradução e áreas afins é 7% maior do que há um ano.

Outros apontam para a Klarna, uma empresa de tecnologia financeira, que se gabava de usar a tecnologia para automatizar o atendimento ao cliente. Mas a empresa agora está voltando atrás. “Sempre haverá um humano se você quiser”, Sebastian Siemiatkowski, seu CEO, recentemente garantiu.

Outros ainda vasculham os dados macroeconômicos em busca de sinais do apocalipse de empregos causado pela IA. Uma medida popular é a proporção entre a taxa de desemprego de recém-formados universitários e a média geral americana.

Jovens graduados agora têm mais probabilidade de estar desempregados do que o trabalhador médio. A explicação é que eles normalmente ocupam cargos de nível inicial em indústrias intensivas em conhecimento —trabalho como assistente jurídico, por exemplo, ou criação de slides em uma consultoria de gestão. É exatamente esse tipo de trabalho que a IA pode fazer bem. Então, talvez a IA tenha eliminado esses empregos?

Bem, não. Os dados simplesmente não se alinham com qualquer mecanismo concebível. O “desemprego relativo” dos jovens graduados começou a aumentar em 2009, muito antes da IA generativa surgir. E sua taxa de desemprego real, em torno de 4%, permanece baixa.

Voltando a uma medida que introduzimos em 2023, examinamos dados americanos sobre emprego por ocupação, destacando o tipo de trabalhadores que frequentemente são considerados vulneráveis à IA. Estes são funcionários de colarinho branco, isto é pessoas em suporte administrativo, operações financeiras, vendas e muito mais. Há um padrão semelhante aqui: não encontramos evidências de um impacto da IA. Muito pelo contrário, na verdade. No último ano, a participação do emprego em trabalhos de colarinho branco aumentou ligeiramente.

Em geral, o desemprego americano permanece baixo, em 4,2%. O crescimento salarial ainda é razoavelmente forte, o que é difícil de conciliar com a ideia de que a IA está causando queda na demanda por trabalho. Tendências fora dos Estados Unidos apontam na mesma direção. O crescimento dos ganhos no Reino Unido, na zona do euro e no Japão é forte. Em 2024, a taxa de emprego do clube de países ricos da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que descreve a parcela de pessoas em idade ativa que realmente estão em um emprego, atingiu um recorde histórico.

Existem duas explicações concorrentes para essas tendências. A primeira é que, apesar dos intermináveis anúncios sobre como as empresas estão introduzindo a IA em todos os aspectos de suas operações, poucas a utilizam efetivamente para trabalhos sérios. Uma medida oficial sugere que menos de 10% das empresas americanas a usam para produzir bens e serviços.

A segunda é que, mesmo quando as empresas adotam a IA, elas não demitem pessoas. A IA pode simplesmente ajudar um trabalhador a fazer seu trabalho mais rapidamente, em vez de torná-lo redundante. Qualquer que seja a explicação, por enquanto não há necessidade de pânico.

Texto do The Economist, traduzido por Matheus dos Santos, publicado sob licença. O artigo original, em inglês, pode ser encontrado em www.economist.com

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