/ May 28, 2025

Tensão entre Apple e Trump cresce; Cook perde influência – 27/05/2025 – Mercado

Na preparação para sua recente viagem ao Oriente Médio, o presidente Donald Trump convidou CEOs de grandes empresas americanas para acompanhá-lo. Tim Cook, presidente-executivo da Apple, recusou o convite —e a decisão parece ter incomodado Trump, segundo duas fontes ouvidas pelo Washington Post.

Durante discurso em Riad, capital da Arábia Saudita, Trump fez questão de elogiar o CEO da Nvidia, Jensen Huang, por aceitar o convite, e alfinetou Cook: “Quero dizer, o Tim Cook não está aqui, mas você está”, disse, dirigindo-se a Huang.

A fala ocorreu diante de executivos como Larry Fink (BlackRock), Sam Altman (OpenAI), Jane Fraser (Citigroup) e Lisa Su (AMD).

Em Doha, no Catar, o presidente afirmou ter “um pequeno problema com Tim Cook” e criticou os investimentos da Apple na Índia. “Ouvi dizer que vocês estão construindo fábricas por lá. Não quero que construam na Índia”, disse, apesar de reconhecer os aportes da empresa nos Estados Unidos.

Na manhã de sexta-feira (23), Trump surpreendeu sua própria equipe e a Apple ao ameaçar, em postagem nas redes sociais, impor uma tarifa de 25% sobre iPhones fabricados fora dos EUA. A medida pode anular a vitória recente de Cook, que havia conseguido isenção de uma tarifa de 145% sobre iPhones montados na China e vendidos nos EUA.

A mudança de tom marca uma reviravolta para Cook, que já foi um dos CEOs mais próximos de Trump —a ponto de o presidente chamá-lo, por engano, de “Tim Apple” em 2019. Agora, ele virou alvo da Casa Branca, e a tensão reacende dúvidas em Washington e no Vale do Silício: o executivo perdeu sua influência sobre o presidente?

Segundo Nu Wexler, da consultoria Four Corners e ex-Google e Facebook, a relação pública de Cook com Trump saiu pela culatra. “Isso colocou a Apple em desvantagem, porque cada movimento, inclusive concessões de Trump, passa a ser escrutinado”, disse. Para ele, como Trump não tem incentivo para aliviar a pressão sobre a empresa, “a tendência é apertar ainda mais”.

A Apple não comentou. A Casa Branca também não respondeu a questionamentos sobre a viagem ao Oriente Médio.

A nova ameaça de tarifa surgiu após o Financial Times revelar que a Foxconn, fornecedora da Apple, planeja investir US$ 1,5 bilhão (R$ 8,5 bilhões) em uma fábrica de iPhones na Índia. Trump afirmou que as tarifas começariam no fim de junho e afetariam todos os smartphones produzidos no exterior —inclusive os da Samsung.

Na semana passada, Cook esteve em Washington para se reunir com o secretário do Tesouro, Scott Bessent, que classificou a produção externa de semicondutores e componentes eletrônicos como uma das maiores vulnerabilidades dos EUA. A Apple poderia ajudar a reverter esse quadro, segundo ele.

O momento da nova ofensiva tarifária é delicado para Cook. Em abril, a empresa sofreu derrota em um julgamento envolvendo a App Store: a juíza acusou executivos da Apple de “mentir sob juramento” e afirmou que “Cook fez uma má escolha”. No mesmo mês, a Apple adiou o novo Siri e aumentou dúvidas sobre sua capacidade de competir na corrida da inteligência artificial. O headset Vision Pro, lançado em janeiro, também teve recepção morna. E na semana passada, Jony Ive, ex-designer da Apple e hoje afastado de Cook, uniu-se à OpenAI para desenvolver um concorrente do iPhone.

Apesar dos reveses, a Apple segue lucrativa: desde que Cook assumiu, em 2011, o valor de mercado da empresa cresceu mais de US$ 2,5 trilhões (R$ 14,1 trilhões) —o equivalente a R$ 2862 milhões por dia. A companhia lucra quase R$ 560 bilhões por ano.

Com a volta de Trump ao poder, esperava-se que Cook conseguisse manter bons canais com o governo. Em 2019, o presidente chegou a dizer que Cook era “um grande executivo porque me liga —e outros não ligam”.

Em 2024, porém, a relação azedou. Trump quer acelerar a transferência de fábricas para os EUA, colocando a Apple no centro da mira. Cook tem evitado confrontos diretos e buscado posições diplomáticas. Em fevereiro, disse aos acionistas que a Apple seguirá comprometida com “dignidade e respeito para todos”, mas que poderá fazer ajustes conforme o ambiente legal muda.

O principal ponto de atrito, no entanto, segue sendo o comércio. A Apple ainda não se comprometeu a produzir iPhones, iPads ou Macs nos EUA. Em vez disso, tem ampliado sua presença na Índia. Para tentar acalmar os ânimos, a empresa prometeu investir R$ 2800 bilhões no país nos próximos quatro anos e comprar R$ 107 bilhões em chips americanos só em 2024. Também começará a fabricar servidores de inteligência artificial em Houston.

Mas Trump quer mais. Quer iPhones “Made in USA” e não hesita em usar tarifas para forçar essa mudança. “Se vão vender nos Estados Unidos, quero que sejam feitos nos Estados Unidos”, disse na sexta-feira. “Eles conseguem fazer isso.”

Até o momento, Tim Cook não respondeu publicamente.

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