Carlo Ancelotti passou uma mensagem clara a todos os jogadores de futebol brasileiros: “Joguem 90 minutos e bem; quem se enquadrar tem chances de ser convocado para a seleção brasileira”.
A rara leitora e o raro leitor podem divergir de alguns nomes chamados pelo vitorioso treinador, achar que certos veteranos não deveriam ter lugar no elenco etc. e tal.
Ao diplomaticamente telefonar para Neymar, de resto ainda o maior nome entre os jogadores brasileiros em atividade, ou quase, Ancelotti revelou-se educado e hábil.
Vai que por desses milagres da natureza o santista volta a jogar em alto nível. Como deixá-lo fora?
Ainda mais por se tratar de alguém tão querido pelos companheiros, chamado de “presidente” pela turma.
A convocação para os jogos contra o Equador, em Guayaquil, porque generosamente a seleção foi poupada da altitude de Quito em 5 de junho, e o Paraguai, em Itaquera, chamou mais atenção pela ausência de Neymar que pela presença de Casemiro.
O primeiro era dado como certo por muita gente e o segundo como carta definitivamente fora do baralho.
Só que o primeiro não joga desde a Copa no Qatar e o segundo voltou a jogar bem no Manchester United, além de ser da absoluta confiança do técnico desde os bons tempos do brasileiro no Real Madrid.
Ao ver a apresentação de Ancelotti com pompa, circunstância e breguice, ficou impossível esquecer da triste figura de Ednaldo Rodrigues, alijado da cerimônia.
Lembrou figura mais triste que ele, a de Ricardo Teixeira, que armou toda a papagaiada da Copa do Mundo de 2014, no Brasil, e na hora agá viu a abertura pela TV, substituído pela ainda mais nefasta imagem de José Maria Marin.
O risco de Samir Xaud repetir a farsa é gigantesco.
A começar por sua proposta de reduzir os campeonatos estaduais a 11 datas.
Incrível não perceber a real questão: estados sem futebol forte podem, e até devem, ter estaduais durante toda a temporada para garantir atividade aos clubes; os grandes do país é que devem ser poupados de participar de torneios que não lhes acrescentam coisa alguma e os massacram fisicamente.
Xaud rima com fraude. Ancelotti com Quixote.
ESTABILIDADE?
Nomes, de fato, muitas vezes revelam o que se quer ocultar.
Augusto Melo melou-se no Corinthians e está em vias de sair pela porta dos fundos da história do clube caso os sócios confirmem o impeachment votado pelos conselheiros —e olhe que 25% deles optaram por mantê-lo.
O substituto interino do cartola que se lambuzou se chama Osmar Stabile, famoso por vídeo gravado em apoio ao golpe de 1964, coisa de trogloditas como quaisquer ditadores, à esquerda ou à direita.
Para esperar estabilidade no Corinthians com personagem desse quilate é preciso ser muito otimista.
Resta aguardar a consumação do impedimento o mais rapidamente possível e que, da eleição, pelo Conselho Deliberativo, de novo presidente para completar o mandato interrompido por corrupção, surja nome novo, sem ligação com o passado recente de Alberto Dualib aos dias de hoje.
Na Grécia Antiga, consta, houve um filósofo chamado Diógenes, o Cínico, que andava pelas ruas de Atenas com uma lamparina acesa durante o dia em busca de um homem honesto.
Haverá alguém assim no Corinthians?