Elon Musk criticou fortemente o pacote de corte de impostos e de programas sociais de Donald Trump, alegando que ele “prejudica” o trabalho feito por sua equipe de redução de custos governamentais, em comentários que provavelmente ampliarão a divergência entre o bilionário e o presidente que ele financiou no ano passado.
Em uma prévia de uma entrevista ao CBS Sunday Morning divulgada na terça-feira (27) à noite, o diretor executivo da Tesla, que até recentemente liderava o chamado Departamento de Eficiência Governamental, ou Doge, disse estar “decepcionado ao ver o enorme projeto de gastos, que aumenta o déficit orçamentário… e prejudica o trabalho que a equipe Doge está fazendo”.
A Câmara dos Representantes dos EUA aprovou o projeto na semana passada por um único voto, abrindo caminho para o primeiro grande sucesso legislativo do segundo mandato de Trump. Agora será submetido a votação no Senado.
O presidente, que teve que pressionar vários republicanos relutantes no Congresso a votarem no que ele chamou de “Grande e Bela Proposta”, classificou-a como “possivelmente a peça legislativa mais significativa que será assinada na História do nosso País!”
Mas, embora corte alguns gastos sociais, o projeto atraiu fortes críticas dos defensores da redução do déficit, pois acabará aumentando a dívida nacional dos EUA em mais de US$ 3,3 trilhões (R$ 18,6 trilhões) na próxima década, segundo estimativas apartidárias.
Musk, que há muito tempo afirma que os EUA iriam “à falência” se o déficit não fosse reduzido, pareceu ecoar essa crítica em seus comentários à CBS, dizendo: “Acho que uma proposta pode ser grande, ou pode ser bela. Mas não sei se pode ser ambas. Minha opinião”.
Os comentários de Musk são sua mais forte repreensão à administração Trump até o momento.
Eles seguem sua crítica à política comercial da Casa Branca, chamando o czar do comércio Peter Navarro de “idiota” e “mais burro que um saco de tijolos” e dizendo que acreditava que tarifas mais baixas eram “geralmente uma boa ideia”.
Musk também havia entrado em conflito com alguns secretários do gabinete sobre cortes feitos pelo Doge de pessoal dentro de suas agências.
No mês passado, Musk recuou de seu papel no Doge, optando por passar mais tempo em seus negócios, especialmente na Tesla, que sofreu uma queda nas vendas causada em parte por sua associação com a administração Trump.
O empresário disse desde então que estaria “de volta a trabalhar 24 horas por dia, 7 dias por semana e dormindo em salas de conferência, servidores e fábricas”. Suas empresas incluem a SpaceX e o site de mídia social X.
Na semana passada, Musk, que gastou quase US$ 300 milhões (R$ 1,7 bilhão) apoiando Trump e outros republicanos nas eleições do ano passado, disse que pretendia gastar “muito menos” em campanhas no futuro, e que havia “feito o suficiente” doando para causas políticas.
Musk também expressou sua frustração com os esforços de redução de custos do Doge, que ele sugeriu terem sido prejudicados pelos legisladores.
A iniciativa afirma ter economizado US$ 175 bilhões (R$ 989 bilhões) até o momento, muito aquém dos US$ 2 trilhões (R$ 11,3 trilhões) originalmente previstos por Musk.
Uma investigação do Financial Times concluiu que apenas uma pequena parte dos supostos US$ 175 bilhões em economias poderia ser verificada, pois a contabilidade do Doge estava repleta de duplicidades e estimativas inflacionadas.