/ May 31, 2025

Fundo soberano da Noruega prevê perda bilionária com clima – 28/05/2025 – Mercado

No início do ano, o fundo soberano da Noruega divulgou uma atualização alarmante que recebeu menos atenção do que deveria. O NBIM (Norges Bank Investment Management), que administra US$ 1,8 trilhão (R$ 10,2 trilhões) gerados por receitas de petróleo do país, afirmou que o setor financeiro pode estar subestimando gravemente os riscos físicos associados às mudanças climáticas.

Segundo modelos próprios, os impactos de longo prazo das mudanças climáticas podem eliminar 19% do valor das ações norte-americanas da carteira do fundo.

A responsável por enfrentar esse problema é Carine Smith Ihenacho, diretora de governança e compliance do NBIM. Ela lidera a estratégia de “propriedade ativa” do fundo —com questões climáticas no centro da pauta nos últimos cinco anos.

O NBIM deve atualizar sua estratégia climática ainda este ano, pressionado por organizações da sociedade civil a adotar uma postura mais firme.

Durante um encontro em Londres, Smith Ihenacho foi questionada se o fundo deveria usar seu poder financeiro de forma mais agressiva para apoiar ações contra as mudanças climáticas. Especialmente considerando que os beneficiários do fundo, o povo norueguês, sofreriam menos com um aquecimento menos extremo.

Ela argumentou que isso poderia ultrapassar o mandato dado ao NBIM pelo governo norueguês: “obter o maior retorno possível com risco razoável e baixo custo, sendo também um proprietário responsável”.

Esse mandato foi revisado em 2022, incorporando um objetivo de longo prazo: que as empresas do portfólio tenham operações compatíveis com emissões líquidas zero.

Até agora, o fundo tem buscado esse objetivo principalmente por meio de diálogo com empresas investidas, incentivando-as a definir metas baseadas na ciência para redução de emissões. O número de companhias que adotaram essas metas cresceu nos últimos anos: 74% das emissões financiadas pela carteira do NBIM estão cobertas por metas de zero emissões líquidas, ante 43% em 2021.

“Foi por nossa causa, ou elas fariam isso de qualquer forma? É difícil saber, mas pelo menos fazemos o possível para incentivá-las”, disse Smith Ihenacho.

Críticos afirmam que o fundo deveria usar seu poder de voto de forma mais contundente. “O fracasso do NBIM em apoiar resoluções climáticas alinhadas com metas internacionais mina seu papel como gestor de finanças sustentáveis”, escreveu Anja Bakken Riise, diretora do grupo norueguês Future in our Hands.

No ano passado, o NBIM apoiou apenas 34% das propostas de acionistas relacionadas à sustentabilidade —abaixo dos 52% em 2018. Segundo Smith Ihenacho, essa queda se deve, em parte, ao número elevado de resoluções “prescritivas demais”, com demandas que caberiam ao conselho das empresas.

O fundo também mantém uma abordagem moderada em relação à exclusão de investimentos, com apenas 28 empresas banidas por razões ambientais, como forte atuação no carvão ou má gestão de poluição local. Essas exclusões geraram um ganho marginal de 0,02 ponto percentual ao ano no desempenho da carteira.

A revisão da estratégia climática deste ano dificilmente resultará em uma mudança drástica rumo à exclusão de ativos altamente poluentes, apesar do cenário alarmante pintado pelos próprios modelos do NBIM.

“Desinvestir ou engajar? Gostamos de ser proprietários. É assim que ganhamos dinheiro, e também como influenciamos as empresas”, afirmou Smith Ihenacho.

Neste mês, ONGs norueguesas divulgaram os resultados da primeira “assembleia cidadã” nacional. Seus 56 integrantes, representando a população adulta do país, discutiram como a Noruega deve usar sua riqueza para beneficiar o mundo.

A conclusão: o país deveria ter um papel maior no combate às mudanças climáticas — inclusive destinando parte do fundo do petróleo para investimentos sustentáveis, mesmo que isso envolva mais risco e menor retorno.

Mas é preciso realismo sobre o que os investidores podem fazer, argumenta Smith Ihenacho. “Soluções políticas também são necessárias. Os investidores sozinhos não vão resolver a crise climática.”

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