O Japão entrou para a lista de países que estão montando planos de ajuda econômica para conter os efeitos das tarifas impostas pelo governo do presidente Donald Trump. Na terça-feira (27), o governo japonês aprovou um pacote de estímulo de US$ 6,3 bilhões (R$ 35,6 bilhões) para “apoiar totalmente” empresas e famílias afetadas pelas tarifas, segundo anunciou o secretário do gabinete, Yoshimasa Hayashi.
Os recursos serão usados para reforçar o caixa de pequenas e médias empresas e subsidiar os custos de energia dos lares japoneses. A medida evidencia o momento delicado vivido pelo governo às vésperas das eleições para a Câmara Alta, previstas para julho, enquanto tenta conter o descontentamento popular com a alta dos preços e administrar a crescente dívida pública.
Embora Trump tenha adiado até o início de julho a tarifa de 24% sobre bens japoneses, o setor automotivo —espinha dorsal da economia do país— já sente os efeitos de um imposto de 25% sobre veículos e peças exportados para os Estados Unidos.
No início do mês, a Toyota, maior empresa do Japão, estimou uma perda de US$ 1,3 bilhão (R$ 7,3 bilhões) em lucros só entre abril e maio. Honda e Nissan também preveem quedas expressivas. A Nissan estuda fechar duas fábricas no país como parte de seu plano de reestruturação e cogita transferir parte da produção para os EUA para escapar das tarifas.
A principal preocupação é que os impostos sobre veículos ameacem empregos e receitas tanto das grandes montadoras quanto de uma vasta cadeia de fornecedores de peças.
Economistas estimam que as tarifas podem desacelerar significativamente a economia japonesa em 2025. Considerando também o impacto mais amplo das tensões comerciais globais, autoridades alertam que o crescimento do país pode cair pela metade neste ano.
O pacote fiscal anunciado pelo governo acontece em meio a pressões sobre o alto endividamento japonês —um dos maiores entre as economias avançadas. Nas últimas semanas, o primeiro-ministro chegou a classificar tanto a dívida quanto as tarifas de Trump como ameaças em nível de crise.
Antes do Japão, outros países anunciaram medidas semelhantes. No mês passado, a Espanha lançou um pacote de US$ 15 bilhões (R$ 85 bilhões), e o Canadá já separou bilhões para ajudar trabalhadores e empresas a enfrentar as turbulências no comércio com os EUA.
O principal negociador japonês, Ryosei Akazawa, esteve em Washington na semana passada para tratar das tarifas com membros do governo Trump. As conversas têm avançado lentamente, em parte porque os americanos já sinalizaram que a principal demanda japonesa —isenção da tarifa automotiva— não está em negociação.
Apesar disso, Akazawa demonstrou otimismo e disse acreditar que um acordo possa ser alcançado na reunião bilateral marcada para meados de junho, durante a cúpula do G7 no Canadá.