O Dia Livre de Impostos reúne ofertas nesta quinta-feira (29) em postos de combustíveis, shoppings e restaurantes para chamar a atenção para a alta carga tributária brasileira. A ideia é oferecer descontos equivalentes aos tributos cobrados.
Segundo ranking do IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação), os bens com maior incidência de imposto são cigarros (83,43%), perfumes importados (77,43%), charutos (72,95%), maquiagem importada (71,43%) e perfumes nacionais (66,18%). Em primeiro lugar estão armas de fogo (84,19%).
Alguns destaques de produtos frequentes entre as ofertas desta quinta incluem chopes (44,39%), cachaça (43,86%), pneus (42,95%), bijuterias (42,43%), televisões (41,99%), medicamentos (36,26%) e almoço em restaurante (34,58%).
VEJA AS MAIORES CARGAS TRIBUTÁRIAS DE PRODUTOS DO DIA A DIA
Taxas acima de 50% dos produtos encontrados no varejo pelo consumidor, segundo o ranking do IBPT:
Produto | Tributos (%) |
---|---|
Cigarro | 83,43% |
Perfume importado | 77,43% |
Charutos e cigarrilhas | 72,95% |
Maquiagem importada | 71,43% |
Perfume nacional | 66,18% |
Micro-ondas | 65,71% |
Tênis importado | 65,71% |
Vinho importado | 64,57% |
Tablet importado | 63,18% |
Smartphone importado | 62,46% |
Fogos de artifício | 58,56% |
Home theater | 57,18% |
Uísque | 56,40% |
Motocicleta | 55,94% |
Vodca | 54,72% |
Creme de barbear | 53,17% |
Maquiagens nacionais | 53,17% |
Cosméticos | 52,69% |
Ar-condicionado | 51,70% |
Caneta esferográfica | 51,70% |
Gasolina | 51,63% |
Lavadora de louças | 51,46% |
Videogame | 51,46% |
Aparelho de som | 51,32% |
Secador de cabelos | 51,46% |
Joias de ouro | 50,94% |
Para o presidente-executivo do IBPT, João Eloi Olenike, a carga tributária brasileira é bastante alta, mas compreensível. Segundo ele, o problema está no retorno insatisfatório desses recursos em investimentos para a população. “Temos países com carga maior que a nossa, mas com um retorno muitíssimo melhor em termos de serviços públicos de qualidade”, afirma.
A carga tributária brasileira do ano passado atingiu 32,3% do PIB (Produto Interno Bruto), o maior patamar em 15 anos, segundo o Tesouro Nacional.
Olenike compara o Dia Livre de Impostos às atitudes dos brasileiros de recorrer à iniciativa privada —como assistência médica particular, ensino privado, habitação, segurança e pedágios —para suprir o que não recebem adequadamente do setor público.
Especialista em gestão tributária na Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras), Hélder Santos considera que a “única forma de obtermos regimes tributários mais eficientes é através da conscientização dos consumidores e contribuintes. Assim, podem entender o impacto da eleição de deputados e senadores, responsáveis pela proposição de legislações tributárias.”
DIA SEM IMPOSTO NO FIM DO MÊS?
Nas redes sociais, consumidores fazem piada dizendo que, no fim do mês, o Dia Livre de Impostos passa batido —já que a conta zerada os impede de consumir qualquer coisa.
A enfermeira de formação Irene Sampaio, 39, comenta que encontrou boas ofertas na data, mas que pode não conseguir aproveitar tudo. “Por mais que fique mais barato, às vezes ainda está fora do alcance. Preciso procurar promoções que estão dentro do meu bolso também”, afirma.
Apesar disso, ela foi a um posto de combustível nesta quinta (29), para abastecer seu carro com a gasolina sem impostos. “Eu abasteci 20 litros, fiz as contas e vi que consegui economizar R$ 31. Já é uma alimentação a mais, faz diferença no nosso orçamento.”
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