A área destinada ao trigo no Paraná mantém queda e deverá ser inferior a 900 mil hectares neste ano. Perto de 63% do espaço que será destinado ao cereal já foi semeado, principalmente nas regiões norte e oeste do estado. Restam as áreas mais frias do sul. Na safra anterior, os paranaenses plantaram 1,13 milhão de hectares.
Apesar da redução de área, a produção poderá atingir 2,7 milhões de toneladas, acima dos 2,3 milhões da safra anterior, conforme dados do Deral (Departamento de Economia Rural). O órgão, ligado à Secretária de Agricultura do estado, faz revisões constantes desses números.
O Paraná vem perdendo área e volume de produção nos anos recentes. Com isso, o estado já não consegue abastecer a demanda de cereal dos moinhos do Paraná, que é próxima de 4 milhões de toneladas, segundo Carlos Hugo Winckler Godinho, analista do setor de trigo do Deral.
Em 2022, devido à invasão da Ucrânia pela Rússia, os preços do trigo dispararam, e os paranaenses semearam 1,4 milhão de hectares. A área tradicional nos últimos dez anos tem sido de 1 milhão a 1,1 milhão. Essa incerteza sobre volume e produção traz um desequilíbrio ao mercado, principalmente com relação a preços, diz Godinho.
Mas não são só os preços o motivo de desânimo dos produtores paranaenses. Um dos principais é o clima, que interferiu em seis das sete últimas safras. Uma delas foi normal, mas as outras tiveram um resultado de médio a ruim.
O setor tem também um sério problema de liquidez. Quando produz, os preços estão baixos. Quando os preços estão elevados, o cereal não tem qualidade.
A cultura se tornou de maior risco ainda porque houve uma mudança nas regras de seguro, que ficaram mais restritas, segundo o analista do Deral.
Ele destaca, ainda, a influência da soja sobre o trigo. Quando as margens da soja não estão boas, os produtores arriscam menos no trigo no inverno. O cereal não consegue avançar mais no norte e no oeste do estado, e perde espaço para o milho.
No sul do estado, onde o clima é mais favorável para o cereal, ele perde espaço para cevada e aveia.
Os preços atuais de comercialização mostram que realmente a redução de área do trigo não pode ser atribuída aos preços. A saca está sendo negociada, nesta semana, a R$ 80, acima dos R$ 69 de há um ano.
No cenário mundial, os números do setor devem ser recordes, segundo o Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Produção, consumo, exportações e estoques finais vão atingir patamares superiores aos dos anos recentes.
A produção da União Europeia e da Índia vai compensar a queda no Cazaquistão, na Austrália, no Paquistão e nos Estados Unidos. Do lado do comércio, o Usda prevê aumento nas importações da Turquia e da China, mas redução nas compras do Brasil.
A produção mundial da safra 2024/25 sobe para 809 milhões de toneladas, 9% a mais do que na anterior. O consumo, também com alta de 9%, vai a 805 milhões. Rússia, União Europeia e Austrália aumentam as exportações.
Febre aftosa A OMSA (Organização Mundial de Saúde Animal) divulga, nesta quinta-feira (29), o final do processo burocrático sobre o pedido do Brasil para ser um país livre de febre aftosa, sem vacinação.
Febre aftosa 2 O certificado final será entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estará em Paris nos próximos dias. Representantes da agropecuária e de setores de vigilância de vários estados já estão em Paris para o anúncio desta quinta-feira.
Gripe aviária A boa notícia é que mais uma suspeita de gripe aviária em granjas comerciais foi descartada. A ruim é que o Kwait, o 12º maior importador brasileiro, fez um embargo total ao país.
Gripe aviária 2 O Ministério da Agricultura anunciou nesta quarta-feira (28) que a Macedônia do Norte ampliou o embargo para o Rio Grande do Sul, e a Namíbia o flexibilizou para o estado gaúcho.
Gripe aviária 3 Com a atualização do quadro dos embargos no período da tarde, agora são 23 países, mais a União Europeia, com restrição total à carne de frango brasileira; 16 restringem as compras ao Rio Grande do Sul, e Japão e Emirados Árabes Unidos deixam de comprar apenas de Montenegro (RS).