O presidente do Conselho Europeu, António Costa, disse nesta quinta-feira (29) esperar que o acordo entre UE (União Europeia) e Mercosul seja assinado até dezembro.

O anúncio foi feito no Fórum de Investimentos UE-Brasil, organizado pelo Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais) e pela ApexBrasil, em São Paulo

“Em junho ou julho, o acordo será enviado para o Conselho Europeu. Nosso objetivo é que a assinatura possa ser coincidente com a reunião de cúpula do Mercosul, em dezembro. É um tempo curto, mas vamos tentar”, disse, em coletiva.

Costa disse que a fase de tradução do acordo está sendo concluída e que, posteriormente, o tratado será analisado por cada um dos 27 países do bloco.

O acordo entre Mercosul e União Europeia é negociado há 20 anos. Em dezembro de 2024, ele foi finalizado e aprovado pelos países do Mercosul, mas ainda precisa ser aprovado pela UE.

Segundo Jorge Viana, presidente da ApexBrasil, o tratado conta com o apoio pessoal do presidente Lula. “Agora mesmo, o presidente Lula tem uma viagem à França. A França tem um posicionamento diferente, e o Brasil compreende o que são questões internas”, afirmou. A viagem foi confirmada pelo presidente francês, Emmanuel Macron, nesta quinta.

O tratado tem resistência da França, que teme principalmente prejuízos para seus agricultores, e deve atingir um mercado de aproximadamente 720 milhões de pessoas.

O acordo entre os blocos prevê uma redução de tarifas do Mercosul que, a depender do setor, pode ser imediata ou gradual ao longo de prazos que variam de 4 a 15 anos (com exceções para o setor automotivo). Segundo o governo Lula, o acordo cobre aproximadamente 91% dos bens das importações brasileiras de produtos da UE.

Para a União Europeia, a liberação é prevista de forma imediata ou gradual em prazos que variam de 4 a 12 anos. Os produtos afetados correspondem a aproximadamente 95% dos bens brasileiros exportados ao bloco europeu.

Segundo estimativa do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) para o ano de 2044, o acordo pode ter um efeito positivo de 0,34% sobre o PIB (produto Interno Bruto) do Brasil, ou R$ 37 bilhões.

O presidente do Conselho Europeu também foi questionado sobre o acordo Mercosul-UE em meio à intensificação da guerra comercial de Trump. Ele disse acreditar que a melhor contribuição do bloco e do Brasil neste momento é aprofundar as relações comerciais entre ambos.

Segundo ele, a União Europeia continuará a negociar com os Estados Unidos até que um acordo seja firmado. Ele disse ainda considerar 9 de julho como data limite para as negociações —o que foi ratificado por outras autoridades europeias nesta quinta.

Havia dúvida sobre a continuação das conversas, já que, na última quarta (28), um tribunal federal dos EUA proibiu o presidente americano de impor algumas de suas tarifas sobre produtos de outros países.

Mais cedo neste mês, Trump disse que imporia uma tarifa de 50% sobre a União Europeia a partir de junho. Dias depois, o presidente americano adiou as taxas para 9 de julho, com a justificativa de ter atendido a um pedido de Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia.