A Azul disse nesta sexta-feira (30) esperar que seu processo de recuperação judicial nos Estados Unidos —o chamado Chapter 11— seja concluído até o começo de 2026.
“Nossa expectativa é concluir toda parte judicial até o fim de 2025 e sair desse processo no começo do ano que vem”, afirmou o vice-presidente institucional e corporativo da empresa, Fabio Campos.
Segundo a companhia, a recuperação judicial prevê um financiamento de US$ 1,6 bilhão (R$ 9,16 bilhões). A empresa passou por uma audiência com a Corte de Falências do Distrito Sul de Nova York na última quinta-feira (29), que autorizou um empréstimo emergencial de US$ 250 milhões (R$ 1,4 bilhão).
Em entrevista a jornalistas, Campos disse que o dinheiro já está em posse da empresa. “Parte desse capital será usado para comprar uma parte da dívida, e outra parte para custear a operação da empresa durante esse período.”
Uma nova reunião com a corte está marcada para 9 de julho. A Azul espera obter um novo financiamento no encontro, ainda maior do que o liberado na última quinta.
Durante o processo, a previsão é de que a operação da companhia siga normal, disse Campos. Segundo ele, não há expectativa de impacto sobre a malha brasileira e nem de corte de funcionários.
“Nosso objetivo é otimizar a frota e voar com as aeronaves mais modernas, devolvendo modelos de geração antiga e mantendo os Embraer E2, que são mais eficientes”, afirmou.
Campos também negou a redução de 35% da frota com o processo. De acordo com o executivo, a lista de aviões inclui aeronaves da linha Embraer E-1, que já estão fora da lista de operação.
Questionado sobre como fica a fusão com a Abra, dona da Gol, o vice-presidente da empresa afirmou que o acordo segue existindo, mas que a prioridade da Azul é a recuperação judicial nos EUA.
Em entrevista à coluna Painel S.A., o CEO da Azul, John Rodgerson, não comentou o impacto da recuperação judicial da Azul na fusão com a Abra, que também está em recuperação judicial nos EUA.
A empresa havia anunciado a medida na quinta-feira (29), numa tentativa de reorganizar suas dívidas. O acordo com parceiros comerciais inclui US$ 1,6 bilhão em financiamento ao longo do processo e a eliminação de US$ 2 bilhões de dívida.
Como adiantou a coluna Painel S.A., a companhia conseguiu atrair dois sócios de peso: as rivais United e American Airlines.
Em 2024, a empresa dera início a um processo de reestruturação, concluído em janeiro deste ano, para tentar aliviar preocupações de investidores sobre sua situação financeira.
A desvalorização do real frente ao dólar, custos elevados de operação impactados pelo preço do querosene de aviação, alto índice de judicialização no setor, crise na cadeia de produção e as enchentes no Rio Grande do Sul foram alguns dos motivos para a companhia aérea optar pela recuperação.
A Azul afirma que protocolou petições junto ao tribunal americano para apoiar a continuidade das operações brasileiras, incluindo a manutenção dos programas de remuneração e benefícios aos funcionários.