/ May 31, 2025

Desemprego: IBGE divulga taxa do trimestre até abril – 29/05/2025 – Mercado

A taxa de desemprego do Brasil voltou a surpreender analistas ao ficar relativamente estável em 6,6% no trimestre até abril, abaixo das previsões do mercado financeiro, segundo dados divulgados nesta quinta (29) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O patamar é o menor para esse período de três meses na série histórica da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), que começou em 2012.

Quando a análise considera diferentes trimestres, a mínima da pesquisa é verificada até novembro de 2024 (6,1%).

Conforme o IBGE, os dados indicam um mercado de trabalho ainda forte, apesar de o país passar por um choque na taxa básica de juros, a Selic, que pode desacelerar a economia ao longo do ano.

Na mediana, as expectativas de analistas consultados pela agência Bloomberg apontavam desemprego de 6,9% até abril.

O intervalo das estimativas ia de 6,7% a 7,1%. Ou seja, o resultado divulgado pelo IBGE (6,6%) ficou levemente abaixo do piso das previsões.

A nova taxa mostrou relativa estabilidade ante o patamar de 6,5% registrado nos três meses até janeiro, que servem de base de comparação.

O desemprego já havia marcado 7% no trimestre encerrado em março, mas o IBGE evita o confronto direto entre intervalos com meses repetidos. É o caso dos períodos finalizados em março e abril.

“Tem diversas medidas do governo injetando dinheiro na economia e sustentando o mercado de trabalho”, diz o economista Bruno Imaizumi, da consultoria LCA 4intelligence.

“Imaginava-se que, com o nível de juros, a economia daria uma freada, mas não é o que tem sido visto, pelo menos nos dados de mercado de trabalho”, acrescenta.

Entre as medidas de estímulo do governo citadas por Imaizumi, estão aumento real do salário mínimo, saques do FGTS (fundo de garantia), reajustes para servidores e ampliação de financiamentos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

“Tudo isso vai estimular a economia e inibir os efeitos da política monetária restritiva”, afirma Imaizumi.

Ele diz que a taxa de desemprego pode fechar o trimestre até dezembro em 5,9%. “O mercado de trabalho vai continuar forte.”

Segundo William Kratochwill, analista da pesquisa do IBGE, os dados mostram uma “boa capacidade de absorção” de empregos temporários que haviam sido abertos no final de 2024.

A população desempregada (7,3 milhões) ficou relativamente estável na comparação com o intervalo até janeiro, assim como o contingente ocupado com algum tipo de trabalho (103,3 milhões).

Nas estatísticas oficiais, uma pessoa de 14 anos ou mais é considerada desempregada quando não está trabalhando e segue à procura de oportunidades.

Já a população ocupada é formada tanto por trabalhadores formais, com carteira assinada ou CNPJ, quanto por informais, sem esses registros.

O contingente fora da força de trabalho, que inclui, por exemplo, quem desistiu de buscar emprego, ficou estável em 66,8 milhões. “O mercado de trabalho está absorvendo [os profissionais]. Segue ainda forte, resiliente”, disse Kratochwill.

O técnico do IBGE também apontou ganhos de qualidade na forma de inserção dos trabalhadores. A fala foi uma referência ao número de empregados com carteira no setor privado, que avançou 0,8% ante o trimestre até janeiro, para 39,6 milhões. É o maior patamar da série.

Com isso, a taxa de informalidade, que mede o percentual de informais na população ocupada, caiu de 38,3% para 37,9%.

O menor patamar histórico foi verificado até junho de 2020 (36,5%). À época, a pandemia expulsou principalmente os informais do mercado.

O percentual da população de 14 anos ou mais que estava trabalhando, conhecido como nível da ocupação, foi de 58,2% no trimestre até abril.

É o mesmo patamar do intervalo encerrado em janeiro. O maior nível da série ocorreu até novembro do ano passado (58,8%).

RENDA AVANÇA 3,2% EM UM ANO

Outra variável analisada na Pnad é a renda média dos trabalhadores ocupados. No trimestre até abril, o rendimento por mês foi de R$ 3.426.

Isso indica relativa estabilidade ante o período até janeiro (R$ 3.414) e alta de 3,2% frente a igual intervalo de 2024 (R$ 3.319).

Em toda a série, valores maiores do que o mais recente (R$ 3.426) só foram observados até março de 2025 (R$ 3.436) e até fevereiro deste ano (R$ 3.427). Os dados são divulgados em termos reais, com ajuste pela inflação.

De acordo com Kratochwill, o rendimento em patamar alto para os padrões históricos reflete a redução da oferta de mão de obra com o mercado aquecido.

“Se você [empregador] quer os melhores [profissionais], tem de contratar com melhores condições e salários”, disse.

Os ganhos de renda são positivos para o bolso dos trabalhadores e tendem a ajudar o consumo, motor do PIB (Produto Interno Bruto).

O possível efeito colateral da demanda maior por bens e serviços, de forma constante, é a pressão sobre a inflação.

Para conter os preços, o BC (Banco Central) promoveu um choque na taxa básica de juros, que chegou a 14,75% ao ano. É o maior nível da Selic em quase duas décadas.

Na visão do economista Igor Cadilhac, do PicPay, a Pnad sugere que o mercado de trabalho permanece robusto e surpreendendo as expectativas.

“Para os próximos meses, projetamos uma desaceleração gradual, especialmente a partir do segundo semestre. Ainda assim, o mercado de trabalho deve continuar aquecido e exercendo pressões inflacionárias por um período prolongado”, diz Cadilhac.

Em relatório, a gestora Kínitro Capital afirma que o quadro divulgado pelo IBGE “segue surpreendendo até os mais otimistas”.

“As surpresas com o ritmo de contratações, a reaceleração dos dados de rendimentos do trabalhador e as diversas medidas de estímulo ao crescimento adotadas pelo governo apontam para uma resiliência maior do que a esperada no curto prazo, possivelmente levando o mercado de trabalho a registrar novos recordes.”

A taxa de participação, por sua vez, ficou estável em 62,3% até abril. Esse indicador mostra a proporção de pessoas de 14 anos ou mais que estão inseridas na força de trabalho como ocupadas (empregadas) ou desempregadas (à procura de vagas).

O percentual segue abaixo do patamar pré-pandemia. Era de 63,6% no trimestre até abril de 2019, antes da crise sanitária.

Em parte, o contexto é associado ao envelhecimento da população. Por essa lógica, a saída da força de trabalho de pessoas mais velhas contribuiria para frear a procura por emprego e, assim, reduzir a pressão sobre a taxa de desocupação.

O IBGE também já afirmou ser possível que jovens estudantes tenham se afastado do mercado com a melhora da renda dos responsáveis pelas famílias. A situação seria positiva em caso de dedicação aos estudos.

Notícias Recentes

Travel News

Lifestyle News

Fashion News

Copyright 2025 Expressa Noticias – Todos os direitos reservados.