A ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) afirmou, em entrevista exibida nesta quinta-feira (29), que o colega Fernando Haddad, da Fazenda, não detalhou a integrantes do governo e ao presidente Lula as medidas de aumento do IOF (Imposto sobre Movimentações Financeiras).
“Nós fizemos uma reunião com a junta financeira durante a semana, e com o presidente. O ministro Haddad explicou as medidas [de ajuste de contas] e falou do IOF, mas ele não abriu detalhes de onde ia mexer. Ele disse, olha, a mudança é pequena e era mesmo ali”, disse Gleisi em entrevista ao Conversa com Bial, da TV Globo.
Em entrevista ao jornal O Globo publicada no domingo (25), Haddad disse que o tema “foi debatido na mesa do presidente” ao ser questionado sobre a estratégia de comunicação das medidas, o que foi mal visto por integrantes do governo, como a Folha mostrou.
Na última quinta, o governo anunciou um aumento do IOF com potencial de arrecadar R$ 20,5 bilhões neste ano. Horas após a publicação do decreto, o Executivo precisou recuar de parte das medidas após alerta de operadores do mercado.
A principal polêmica foi a alteração na regra da tributação dos fundos brasileiros que fazem investimentos em ativos no exterior. Havia a avaliação de que aplicação do IOF de 3,5% configuraria, na prática, um controle na entrada e saída de capitais desses fundos. Daí a necessidade de revogar a medida. A taxa, assim, continua zerada.
“Como a medida não estava aberta, e o Haddad sempre é muito cioso disso, ok, todo mundo aceitou”, afirmou Gleisi no programa sobre a tributação desses investimentos.
Ela disse que o recuo foi discutido em reunião com os ministros Rui Costa, da Casa Civil, e Sidônio Palmeira, da Secretaria de Comunicação Social, mas negou que o encontro tenha sido marcado de emergência. O tema inicial era a inteligência artificial, segundo Gleisi.
“Nós sentamos lá e conversamos. E aí a avaliação foi essa, olha gente, eu acho que teve um erro aí”, afirmou ela, que relatou alertas vindos do mercado e da imprensa. “Quando erra, paciência, recua, não tem problema.”