/ May 31, 2025

PIB/IBGE: agro puxa economia e ofusca aperto dos juros – 30/05/2025 – Mercado

A recuperação da safra agrícola impulsionou a agropecuária e ofuscou o impacto do aperto dos juros sobre os demais setores da economia brasileira no primeiro trimestre de 2025.

É o que sinalizam dados do PIB (Produto Interno Bruto) divulgados nesta sexta-feira (30) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

No primeiro trimestre, o PIB cresceu 1,4% ante os três meses finais de 2024, e o resultado foi puxado pela alta de 12,2% na agropecuária, disse o instituto. Enquanto isso, o setor de serviços mostrou leve avanço de 0,3%, e a indústria encolheu 0,1%.

Ao ser questionada pela Folha se a agropecuária ofuscou o impacto restritivo dos juros, a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, respondeu de modo positivo.

Ela afirmou que o bom desempenho no campo “diminuiu o efeito” do aperto monetário sentido pelas demais atividades.

“Não dá para quantificar exatamente, mas a agropecuária, como é um setor primário e tem uma cadeia produtiva comprida, influencia positivamente vários setores”, disse a técnica em entrevista a jornalistas.

A recuperação no campo é associada a melhores condições climáticas e ganhos de produtividade, além da base de comparação fragilizada, segundo o IBGE.

Ao longo do ano passado, a agropecuária foi afetada pela falta de chuva em diferentes regiões produtoras e pelas enchentes históricas no Rio Grande do Sul.

A taxa básica de juros vem subindo em uma tentativa do BC (Banco Central) de conter a inflação. Na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), neste mês, a Selic atingiu 14,75% ao ano —maior nível em quase duas décadas.

O aperto encarece o crédito, dificultando o consumo das famílias e os investimentos produtivos, embora esses dois componentes do PIB tenham crescido 1% e 3,1% no primeiro trimestre.

No caso do consumo, Rebeca associou o resultado a fatores como o cenário positivo do mercado de trabalho, além de programas do governo de transferência de renda.

Em relação aos investimentos, ela citou, por exemplo, impactos de importações, incluindo plataforma de petróleo, e desembolsos na área de desenvolvimento de software.

“Há um efeito muito forte do agro. O resto da economia está num processo de desaceleração com os juros, que a gente está vendo acontecer e que vai aparecer ainda mais nos próximos trimestres”, afirma o economista-chefe da consultoria MB Associados, Sergio Vale.

Após a divulgação dos dados do IBGE, ele manteve a previsão de alta de 2,2% para o PIB no acumulado de 2025.

Porém, sem o efeito da safra agrícola e com os juros ainda elevados, é possível que a economia tenha algum recuo no recorte trimestral ao longo do segundo semestre, projeta Vale.

“Seria uma queda na margem, não uma recessão profunda. Não tem nada disso por ora no cenário.”

A Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) disse que o desempenho do PIB no primeiro trimestre “evidencia a fragilidade da atividade industrial e alerta para a tendência de desaceleração no segundo semestre”.

“A taxa de juros ainda elevada e a inflação persistentemente acima da meta comprometem o dinamismo do consumo e dos investimentos, afetando especialmente o setor industrial e os serviços dependentes da demanda doméstica”, afirmou o economista-chefe da federação, Jonathas Goulart.

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