Viver ficou 0,43% mais caro em abril na região metropolitana de São Paulo, o que representa uma desaceleração se comparado ao mês de março, que marcou 0,59%, e fevereiro, com 1,23%.
No acumulado de 12 meses, a alta no custo de vida já soma 6,13%, pressionada pela inflação dos alimentos no último trimestre do ano passado, de acordo com Guilherme Dietze, assessor econômico da FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo). Em 2025, a inflação é de 2,33%.
Os dados são da pesquisa Custo de Vida por Classe Social, produzida pela Federação e formada pelo IPS (Índice de Preços de Serviços) e pelo IPV (Índice de Preços do Varejo), com base em informações do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O setor de alimentação e bebidas registrou alta de 0,6% desde março. Os destaques do mês incluem o tomate (19,86%), a batata-inglesa (8,39%) e a cebola (4,98%), itens básicos na cesta brasileira.
Para Guilherme, trata-se de uma variação comum para a época do ano. “Daqui a uns dois, três meses, esses alimentos já voltam a cair, porque a produção melhora. Não é um problema estrutural, as famílias conseguem substituir esses produtos por outros por um tempo”, diz.
Já no acumulado de 12 meses, o setor aumentou 8,63% desde abril do ano passado, patamar mais alto do indicador desde fevereiro de 2023. Só em 2025, o grupo acumula inflação de 2,39%. As principais comidas inflacionadas foram o café (65,36%), o alho (21,52%) e o brócolis (12,11%).
“No caso do alho, o fator do câmbio contribui bastante, porque ele é muito importado. Ano passado o câmbio estava a R$ 5,15, hoje já está a R$ 5,70. Quem mais sofre com isso são as famílias de renda mais baixa, que têm o percentual de gasto com alimentação e bebidas maior que os outros grupos”, afirma o assessor econômico.
Alimento | Inflação mensal | Inflação nos últimos 12 meses |
---|---|---|
Tomate | 19,86% | 8,94% |
Batata-inglesa | 8,39% | -15,29% |
Cebola | 4,98% | -30,16% |
Café moído | 4,74% | 65,36% |
Repolho | 4,71% | -8,84% |
Brócolis | 4,1% | 12,11% |
Cação | 3,2% | 4,51% |
Alho | 2,96% | 21,52% |
Feijão carioca (rajado) | 2,04% | -17,33% |
Banana d’água | 1,94% | -7,05% |
O reajuste dos medicamentos, fixado em até 5,06% e iniciado no fim de março, foi outro responsável pela alta no quarto mês do ano. Os principais produtos afetados foram anti-inflamatórios e antirreumáticos (4,1%), hormônios (2,9%) e psicotrópicos e anorexígenos (2,7%), que têm impacto maior entre classes mais baixas, segundo a FecomercioSP.
O setor de vestuário marcou alta de 1,39% em abril, devido à troca de coleções com a chegada das estações frias do ano. A calça comprida masculina ficou 2,9% mais cara, e a feminina, 2,3%. As blusas registraram elevação de 2,1%.
No caso das despesas pessoais, que envolvem comércio e serviços como bancos, cabeleireiro e jogos de azar, houve alta de 0,91%. Os cigarros aumentaram 3,6%; os brinquedos, 1,4%; e as bicicletas, 1,6%.
Apenas dois grupos de consumo ficaram mais baratos no mês: educação (-0,06%) e habitação (-0,05%). Este último, porém, deve subir no indicador de maio, por causa da mudança da bandeira tarifária da conta de energia elétrica, de verde para amarela, que encarecerá o preço para o consumidor.
Atividade | Inflação mensal | Inflação nos últimos 12 meses | Inflação em 2025 |
---|---|---|---|
Vestuário | 1,39% | 3,53% | 1,4% |
Saúde | 1,02% | 5,85% | 2,7% |
Despesas pessoais | 0,91% | 6,25% | 2,04% |
Artigo do lar | 0,73% | 4,38% | 0,92% |
Alimentação e bebidas | 0,6% | 8,63% | 2,39% |
Comunicação | 0,21% | 1,94% | 0,81% |
Transportes | 0,03% | 6,74% | 2,34% |
Habitação | -0,05% | 4,7% | 2,31% |
Educação | -0,06% | 5,64% | 4,48% |
No recorte por classe social, as famílias mais pobres foram mais afetadas pelo custo de vida no acumulado de 12 meses. A variação foi de 6,74% para a Classe E e de 6,73% para a Classe D, mas de apenas 5,82% para a Classe A.
Segundo a FecomercioSP, isso acontece porque o orçamento das classes com menor renda é mais sujeito às variações de itens básicos, como alimentação e combustíveis.
Em abril, porém, as famílias da Classe A sentiram um aumento maior no custo de vida (0,48%) do que a Classe E (0,38%). Um dos fatores apontados pela Federação foi o encarecimento da alimentação fora do domicílio (0,62%).
“Como os alimentos ficaram mais caros desde o ano passado, há um natural reajuste dos cardápios. O ‘cafezinho’ também ficou mais caro nos restaurantes. E quem consome fora de casa normalmente são famílias de classe média ou mais alta”, afirma Guilherme.
A falta de mão de obra no setor alimentício é outro motivo para a inflação nos restaurantes. “Com a escassez, o dono precisa pagar mais, dar mais benefícios, e isso tudo gera um custo que chega na ponta para o consumidor”, diz o assessor econômico.