O dólar abriu próximo da estabilidade nesta terça-feira (3), com os investidores acompanhando as tensões comerciais no exterior, enquanto aguardam o anúncio da solução do governo para o impasse sobre os aumentos no IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
Às 9h05, a moeda americana subia 0,09%, a R$ 5,6790. Na segunda-feira (2), o dólar e a Bolsa encerraram a sessão em queda, com os investidores reagindo às novas ameaças tarifárias de Trump.
O presidente norte-americano afirmou que planeja aumentar as tarifas sobre importações estrangeiras de aço para 50%, intensificando a pressão sobre os produtores globais de aço e prometendo aprofundar sua guerra comercial.
A divisa dos EUA fechou com um recuo de 0,81%, a R$ 5,673. Na semana passada, a moeda acumulou uma elevação de 1,30% e, no mês de maio, um avanço de 0,78%. No ano, porém, o dólar acumula perdas de 8,17% ante o real.
Já a Bolsa caiu 0,17%, a 136.786 pontos, em linha com a desvalorização de Bolsas pelo mundo. Na abertura, chegou a registrar ganhos de mais de 1%, ultrapassando os 138 mil pontos na máxima do pregão. As ações da Petrobras avançaram com o embalo dos preços do petróleo no exterior com a escalada de tensões entre Rússia e Ucrânia, o que evitou uma queda maior do Ibovespa.
Os movimentos do real na sessão da véspera tiveram como pano de fundo uma fraqueza ampla do dólar no exterior, acumulando perdas ante pares fortes, como o euro e o iene, e emergentes, como o peso mexicano e o peso chileno.
Os investidores fugiram de ativos dos EUA, uma vez que o anúncio de Trump sobre as tarifas sobre aço e alumínio reacenderam os temores de que sua política tarifária pode levar a maior economia do mundo a uma recessão e acelerar a inflação.
O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas, caía 0,65%, a 98,68.
“É a incerteza contínua, não saber se a guerra comercial está acontecendo ou não”, disse Sam Stovall, estrategista-chefe de investimentos da CFRA Research.
“Algo novo é adicionado, algo é adiado, então, essencialmente, a incerteza reina.”
As preocupações ainda foram fomentadas por nova escalada nas tensões entre EUA e China. Na sexta, Trump acusou os chineses de violarem a trégua estabelecida no meio do mês.
“Eu fiz um acordo rápido com a China para salvá-los do que eu achava que seria uma situação muito ruim, e eu não queria ver isso acontecer”, publicou o presidente na plataforma Truth Social.
“A China, talvez não surpreendentemente para alguns, violou totalmente seu acordo conosco. Adeus ao papel de bonzinho!” Trump não deu detalhes de como essa violação ocorreu.
Nesta segunda-feira, o Ministério do Comércio da China disse que as acusações de Trump de que Pequim violou o consenso acordado nas negociações de Genebra são “infundadas” e prometeu tomar medidas enérgicas para proteger seus interesses.
Os comentários de ambos os lados sugerem que as tensões voltaram a escalar entre as duas potências econômicas, após um lento progresso nas negociações de longo prazo. Há duas semanas, China e EUA chegaram a um acordo em Genebra que reduzia temporariamente as tarifas retaliatórias, que haviam subido para até 145%.
O tarifaço anunciado no mês passado foi posto à prova na semana passada, depois que um tribunal comercial dos EUA decidiu que o presidente não tinha poderes legais para impor as taxas.
No entanto, um tribunal superior suspendeu a decisão na quinta, e a Casa Branca, em paralelo, busca recurso. A batalha judicial aumenta a incerteza em torno das negociações dos EUA com a China e outros parceiros comerciais importantes.
“Há uma leitura de que a Casa Branca está determinada a aplicar essas tarifas, então mesmo que a ordem judicial sobreviva a todos os recursos no futuro, há uma percepção de que a Casa Branca utilizaria outros mecanismos legais para aplicar essas taxas”, diz Leonel Mattos, analista de inteligência de mercado da StoneX.
“O questionamento jurídico das tarifas e a dificuldade de negociação com a China trazem maior aversão ao risco global.”
Os investidores também seguem atentos às tensões geopolíticas internacionais, desde o programa nuclear do Irã até o conflito na Ucrânia.
Diante da escalada de tensões com ataques de drones em larga escala dos ucranianos contra os russos, e com o anúncio de vários países da OPEP+ de um aumento da produção de petróleo menor do que o esperado, as cotações dos barris subiram nesta segunda-feira.
O barril de WTI (West Texas Intermediate), a referência dos Estados Unidos para entrega em julho, subiu 3,83% para US$ 63,12, após ter registrado brevemente uma alta de 5% na sessão. Já o petróleo tipo Brent com vencimento em agosto, referência global, avançou 3,85% para US$ 65,20.
Já na cena doméstica, o mercado nacional segue de olho em novas notícias sobre o impasse dos aumentos nas alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), enquanto governo e Congresso buscam uma solução conjunta para a questão.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse pela manhã que acertou com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), a tomada de medidas que possibilitem uma calibragem no decreto de elevação do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Além disso, afirmou que está combinada com os dois a retomada das reformas estruturais.
Haddad também afirmou que as medidas estão alinhadas com os presidentes e devem ser fechadas até esta terça (3).
Os agentes seguiram repercutindo a decisão de sexta da agência de classificação de riscos Moody´s em alterar a perspectiva do rating soberano do Brasil de positiva para estável.
Após o fechamento dos mercados, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, participou de debate sobre “Conjuntura Econômica Brasileira”, promovido pelo CDPP (Centro de Debate de Políticas Públicas), às 18h30. As falas devem entrar no radar dos investidores na sessão desta terça-feira.