Magic Johnson, do Los Angeles Lakers, e Isiah Thomas, do Detroit Pistons, duelaram nas finais de 1988 e 1989 da NBA, com uma vitória para cada lado. De lá para cá, nenhuma decisão da liga norte-americana de basquete opôs dois times que tinham seus armadores como grandes protagonistas.
Isso voltará a ocorrer a partir desta quinta (5), quando Oklahoma City Thunder e Indiana Pacers iniciarão a série melhor de sete que definirá a temporada 2024/25. O canadense Shai Gilgeous-Alexander e o norte-americano Tyrese Haliburton são as estrelas de suas respectivas equipes e vão liderá-las a partir da posição 1 do basquete internacional, o “point guard” da NBA, o armador.
No caso de Haliburton, 25, seu estilo lembra mesmo o dos armadores de outrora, que priorizavam o passe ao arremesso. Em uma era na qual os “point guards” são pontuadores agressivos, ele busca as assistências, com média de 10,1 por partida desde sua chegada, em 2022. Nos atuais “playoffs”, lidera a estatística, com 9,8.
“Ele é único. Até há caras similares, mas ele é único. É um catalisador nos contra-ataques, faz um grande trabalho acionando seus companheiros em um bom ritmo e passes para a frente. E dinâmico no pick-and-roll, sabe fazer cada passe do pick-and-roll. E sabe pontuar”, afirmou o técnico que tentará freá-lo na decisão, Mark Daigneault.
Tyrese não é Magic Johnson, mas, como observou Daigneault, é mesmo hábil para atuar em velocidade e tem boa visão para achar os colegas. Motor do excelente ataque dos Pacers, sabe que precisará exibir seu melhor nível para erguer o troféu que Magic levantou pela última vez há quase quatro décadas.
De lá para cá, claro, houve grandes armadores. O cracaço Stephen Curry, ainda que longe do protótipo do armador tradicional, foi a seis finais com o Golden State Warriors. Mas em nenhuma delas teve como grande rival um “point guard” —em quatro delas, seu principal oponente era o ala LeBron James.
Shai Gilgeous-Alexander, 26, também não é Magic Johnson, Isiah Thomas ou John Stockton. Joga na posição 1 e dá suas assistências, porém é como um pontuador criativo que se destaca. Eleito o melhor jogador do campeonato –o prêmio, à americana, é entregue com base no desempenho na etapa de classificação–, teve média de 32,7 pontos por jogo na primeira fase, a maior da liga.
“É um cara que nasceu para ser grande. Dá para perceber. Ele tem uma atitude, uma frieza, é imperturbável. É um cara que sabe quem é e tem muita fé em si mesmo”, afirmou o técnico que tentará freá-lo na decisão, Rick Carlisle. “É muito difícil marcar 30 pontos em um jogo. Quanto mais fazer isso por dois anos, sem parar.”
As pequenas Oklahoma City e Indianápolis jamais celebraram um título da NBA. Jamais, neste século, o troféu foi disputado por duas equipes claramente lideradas por armadores. Isso começa a mudar nesta quinta.