/ Jun 06, 2025

UE pede à China que alivie restrições às terras raras – 04/06/2025 – Mercado

A União Europeia está pressionando a China a flexibilizar as restrições à exportação de materiais de terras raras, diante de uma “situação alarmante” para a indústria automobilística do bloco, cujas linhas de produção correm risco de paralisar.

O comissário europeu de Comércio, Maroš Šefčovič, afirmou ter questionado o ministro do Comércio da China, Wang Wentao, sobre a escassez de elementos de terras raras e ímãs permanentes em uma reunião nesta terça-feira (3).

Segundo Šefčovič, o novo sistema chinês de licenciamento está atrasando as entregas desses materiais essenciais a fabricantes de produtos que vão de carros a máquinas de lavar.

Em abril, o Ministério do Comércio chinês impôs restrições à exportação de sete tipos de terras raras e ímãs, após o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar tarifas mais altas sobre produtos chineses.

O impacto já é sentido globalmente: a Ford suspendeu temporariamente a produção de SUVs em sua fábrica de Chicago na semana passada devido à escassez de ímãs. Executivos do setor alertam que os estoques duram apenas semanas ou poucos meses.

“Informei meu colega chinês sobre a situação alarmante da indústria automobilística europeia. As terras raras e os ímãs permanentes são essenciais para a produção industrial… isso está sendo extremamente disruptivo”, disse Šefčovič.

Ele afirmou que ambos “compararam números” sobre as licenças de exportação. “Os dados dele eram muito melhores que os meus”, disse. “Montadoras estão alertando para grandes dificuldades em pouco tempo. Ele prometeu esclarecer quanto antes.”

Šefčovič defendeu que produtos civis fiquem isentos do sistema de licenciamento ou, caso não seja possível, que empresas possam obter aprovações anuais.

A China é responsável por cerca de 90% do processamento de ímãs de terras raras no mundo, e governos veem as restrições como forma de pressão econômica em meio às tensões comerciais globais.

“O bloqueio reforça nossa determinação de diversificar e reduzir dependências”, afirmou o comissário europeu da Indústria, Stéphane Séjourné, que anunciou nesta quarta-feira (4) uma lista de 13 projetos em países terceiros —incluindo o Reino Unido— para garantir acesso a matérias-primas estratégicas até 2030.

Nos EUA, grupos do setor automotivo já haviam alertado à administração Trump, no mês passado, que os atrasos da China na concessão das licenças estavam provocando “grandes interrupções” no fornecimento global.

Segundo autoridades europeias, diversos países do bloco vêm manifestando preocupação, e o tema já foi discutido por líderes nacionais.

Para Maximilian Butek, diretor da Câmara de Comércio Alemã na China, não há sinal de que Pequim esteja deliberadamente dificultando o acesso de empresas europeias às terras raras.

“É só um monstro burocrático que criaram”, disse ele, sugerindo que o ministério chinês esteja sobrecarregado com milhares de pedidos de exportadores. “A China está tentando melhorar sua relação com a Europa, com várias delegações diplomáticas vindo à Alemanha. Não acho que atacariam esse setor agora.”

Abigaël Vasselier, do think tank alemão Merics, afirmou que a indústria europeia virou dano colateral na disputa entre China e EUA, alertando que “agora estamos falando de perda de empregos na Europa”.

Jens Eskelund, presidente da Câmara de Comércio da UE na China, afirmou que a pressão diplomática e empresarial para destravar as exportações está crescendo. “Para quem defende a redução de riscos, isso é a prova do porquê”, disse.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, declarou na semana passada que os controles “seguem práticas internacionais, são não discriminatórios e não visam nenhum país específico”. Segundo ele, Pequim está disposta a dialogar e cooperar com outros países para manter a estabilidade das cadeias globais de produção e suprimento.

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