Após o desgaste com o decreto de alta do IOF para fechar o buraco do Orçamento, o ministro Fernando Haddad (Fazenda) conseguiu ressuscitar uma agenda de medidas praticamente vencida e pegou como sócios para a empreitada os presidentes Hugo Motta (Câmara) e Davi Alcolumbre (Senado).
Porém, a equação para sair um acordo entre governo e Congresso, na reunião marcada para o próximo domingo (8), está longe de ser simples.
O Congresso parece mais inclinado a discutir medidas de contenção de gastos. O governo Lula aposta no lado das receitas com o corte de desonerações e incentivos tributários, como mencionou o próprio presidente em entrevista nesta semana.
O cipoal de medidas que pipocam nas negociações, sem que até agora se tenha muita certeza do que pode avançar, decorre dessa diferença de visões.
O que se vê é que boa parte das propostas citadas até agora nos bastidores de Brasília já estava nas discussões do pacote de contenção de gastos do ano passado e não avançou.
O que mudou nesses seis meses é o movimento unido do setor produtivo contra o decreto do IOF. Os mais afetados estão confiantes de que as medidas serão aprovadas de qualquer jeito e jogam pressão total no Congresso. A portas fechadas, os parlamentares não são tão certeiros.
Para conseguir um pacote robusto que dê sobrevida ao Orçamento também de 2026 (ano de eleições), a Fazenda joga na negociação com a posição de que precisa do decreto do IOF, mesmo com ajustes, até 31 de dezembro. É uma questão de calibragem. Quanto mais medidas, mais desidratado ficaria o decreto.
A oposição já pescou essas contradições e costura uma armadilha para desgastar o governo. Presidente do PP, o senador Ciro Nogueira se antecipou e avisou nas redes sociais que vai reunir as bancadas e propor que não seja aceita nenhuma solução que não envolva corte de despesas.
Motta e Alcolumbre estão com a bola na mão, mas precisam dos votos e de um acordo mínimo. O passado mostra que esses acordos acabam tendo algum efeito e alguns pastéis de vento juntos.