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Mercado, táxi e pizza online anteciparam domínio dos apps – 04/06/2025 – Tec

Sites para fazer compras de supermercado, reservar táxis e pedir pizzas anteciparam, no final dos anos 1990, o atual domínio de aplicativos que reúnem esses serviços em plataformas voltadas para smartphones.

No período em que a rede ainda era usada por menos de 10% da população, algumas empresas se empolgaram com a novidade e apostaram no online para oferecer serviços similares aos que ofereciam por telefone.

Com 30 anos completados em 1º de maio, a internet comercial brasileira passou por transformações e hoje chega a cerca de 90% da população. A comodidade, no entanto, continua sendo um dos motores de inovação no meio.

Ainda antes da virada do milênio, o site da rede de supermercados Pão de Açúcar oferecia pedidos online com entregas em 24 horas para toda a cidade de São Paulo.

Segundo reportagem da Folha de julho de 1996, a taxa de entrega era de R$ 9,30 (cerca de R$ 50 hoje, corrigidos pela inflação). O pagamento era feito na entrega em dinheiro, cartão de crédito ou cheque.

“Pode-se navegar pelas gôndolas virtuais demoradamente, escolher a marca e a quantidade do produto, e saber a cada item escolhido o preço total da compra, registrado automaticamente no alto da tela”, afirmava outro texto do mesmo dia.

Para Victor Maglio, diretor de ecommerce do GPA, o pioneirismo da empresa em apostar nos meios digitais ainda no final do anos 1990 garantiu uma herança de pensar além das vendas no local, mas na jornada completa do cliente com a marca.

“Quando vemos outros varejos tradicionais como nós que têm mais tempo desde a sua fundação, percebemos que aqui a cultura digital é bem mais evidente”, disse.

Segundo Maglio, se no início dos anos 2000 a empresa recebia cerca de 200 pedidos diários pelos canais próprios, hoje são mais de 9.000, com o digital representando 12,2% das vendas totais do GPA.

“O cliente antes comprava pela internet por uma questão de vanguarda, depois vem a pandemia, quando milhões de clientes precisaram comprar pelo digital e fizeram a compra pela primeira vez. Quando passamos da pandemia, temos essa mudança de comportamento que o cliente só compra no digital se ele realmente quiser comprar, não porque ele precisa”, disse Maglio.

Ainda no ramo alimentício, franquias de pizzaria também aproveitaram o sucesso do disk pizza para apostar em serviços online no final dos anos 1990. Por exemplo, a Pizza Hut começou a vender por telefone no Brasil em 1994, e já em 1997 passou a receber pedidos pela internet.

A Domino’s em 1999 redirecionava pedidos de algumas franquias para o site Ai Que Fome, que reunia diversos estabelecimentos em grandes cidades e se definia como uma praça de alimentação online.

Segundo capturas de telas preservadas pelo site Internet Archive, o endereço funcionou de 1998 a 2005. A Folha tentou contato com envolvidos na criação do site, mas não obteve retorno.

Já para transportes, o site da cooperativa Rádio Táxi Vermelho e Branco oferecia em 1998 um formulário para reservar corridas.

Casos como esses anteciparam a busca por comodidade pela internet e o surgimento de aplicativos como Uber, em 2009, e iFood, em 2011, hoje praticamente sinônimos dos serviços que prestam no Brasil.

O principal ponto de virada que permitiu o surgimento de plataformas bem-sucedidas, segundo Thiago Silva, diretor de inovação do iFood, foi o lançamento do iPhone em 2007 e a adoção em massa de dispositivos móveis no Brasil nos anos seguintes, especialmente na década passada.

“Fazer o pedido em um site significava que você tinha que ir até um computador, que ficava normalmente em um quarto, tinha que lembrar qual era o site, entrar no site, procurar as coisas, fazer cadastro ou lembrar qual era a sua senha, para terminar um pedido”, disse.

O que as melhores empresas de tecnologia desta geração fizeram, segundo o executivo, foi entender que o celular possibilita que o usuário tenha um serviço à disposição o tempo inteiro. “Redes sociais onde as pessoas gastam até 4 horas por dia eram inviáveis quando você tinha que ficar sentado na frente do computador”.

Hoje, a plataforma que domina o mercado de entregas no país vê na tecnologia seu principal motor, mas diz que não investe na novidade apenas pela novidade —ela deve resolver algum problema. Cerca de metade dos 7.200 funcionários da empresa trabalham com tecnologia e engenharia de produto.

“É comum ouvirmos de empresas ‘eu preciso colocar IA generativa em tudo’, mas somos contra esse tipo de mentalidade, o que não significa que [o recurso] não seja importante. Estamos investindo nisso porque acreditamos vá resolver problemas”, disse Silva.


INTERNET, 30

Esta é a última reportagem da série “Internet, 30” , que conta histórias de pioneiros da internet brasileira, cujo lançamento comercial completou 30 anos em 1º de maio. Os textos partem da evolução da conexão no país, a partir de meados dos anos 1990, para abordar desafios atuais como a ascensão de plataformas de inteligência artificial e a autonomia da gestão da rede no país. Na sequência, das primeiras lojas virtuais aos primeiros influencers, passando por sites que anteciparam o surgimento de aplicativos e redes sociais, a série vai mostrar como a internet hoje é um reflexo do que já acontecia, mesmo que de forma incipiente, décadas atrás.

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