/ Jun 07, 2025

Trump demonstra dificuldade em firmar acordos tarifários – 07/06/2025 – Mercado

Faltando cerca de um mês para o prazo que ele mesmo estabeleceu, o presidente Donald Trump não conseguiu fechar acordos comerciais sobre tarifas de importação com a maioria dos parceiros comerciais dos Estados Unidos, mesmo tendo dado os primeiros passos para avançar as tratativas com a China.

Trump esteve em uma ligação com o presidente chinês Xi Jinping na última semana, abrindo caminhos para uma nova rodada de negociações na próxima segunda-feira (9) em Londres. Mas a diplomacia foi ofuscada por uma briga pública explosiva entre Trump e seu ex-aliado bilionário, Elon Musk.

Os assessores de Trump insistiram na última sexta (6) que o presidente estava seguindo em frente e focado em sua agenda econômica. Ainda assim, permanecem dúvidas sobre as relações comerciais mais importantes dos EUA, com poucos sinais tangíveis de progresso em direção a acordos provisórios.

A Índia, que o governo Trump citou como alvo inicial de acordo, adotou uma linha mais dura nas negociações e contestou as tarifas automobilísticas de Trump na OMC (Organização Mundial do Comércio). O Japão realizou outra rodada de negociações com os EUA, ao mesmo tempo em que sinalizou que deseja uma suspensão das taxas sobre carros e caminhões leves.

A batalha sobre as tarifas de Trump paira sobre tudo. Uma decisão judicial que derrubou as medidas impostas país por país usando autoridades de emergência deixou parceiros sem certeza sobre quais são, de fato, os poderes de Trump. O próximo teste pode ocorrer já na próxima semana, quando um tribunal poderá decidir sobre o recurso protocolado pelo governo.

Trump e equipe estavam ansiosos para chamar a atenção para os avanços com a China, como prova de que seus métodos estão funcionando.

Trump descreveu as negociações com Pequim como “muito avançadas” e disse que Xi concordou em acelerar os envios de minerais de terras raras críticos que estavam no centro da tensão mais recente. Desbloquear esses suprimentos significaria alívio para as principais montadoras americanas.

O vice-primeiro-ministro chinês He Lifeng estará em visita ao Reino Unido na próxima semana, durante a qual conduzirá negociações comerciais com os EUA, disse o ministério das Relações Exteriores da China em um comunicado neste sábado.

Os resultados mistos nas negociações até agora demonstram os altos e baixos da abordagem mercurial de Trump ao comércio, na qual ele e seus assessores o apresentaram como o tomador de decisão final em qualquer acordo.

Em vez de proporcionar uma vitória clara, as negociações de Trump com Xi também mostram o difícil caminho à frente com a China. A disputa sobre terras raras revelou o quão importantes são esses suprimentos, dominados por Pequim, para a economia dos EUA.

“Xi não está abrindo mão das terras raras. Ele tem influência e está usando-a”, disse Douglas Holtz-Eakin, presidente do American Action Forum, um think-tank conservador. “Eles conversaram, isso é o mais importante. Acho que eles estão realmente muito distantes.”

O tempo está se esgotando para Trump. A pausa de 90 dias em tarifas mais altas para a União Europeia e quase 60 países expira em 9 de julho, caso ele não a estenda, enquanto a suspensão da China se mantém até agosto.

Se acordos não forem alcançados, Trump planeja restaurar as taxas tarifárias aos níveis que ele anunciou pela primeira vez em abril, ou ao menos números maiores do que a base atual de 10%, disse um funcionário da Casa Branca, falando sob condição de anonimato.

“Teremos acordos. Leva tempo. Normalmente leva meses e anos; nesta administração, vai levar dias”, disse o conselheiro comercial da Casa Branca, Peter Navarro.

O Escritório do Representante de Comércio dos EUA “parece mais uma padaria agora”, disse Navarro, com países fazendo fila para negociações. A instituição enviou cartas esta semana aos parceiros comerciais lembrando-os do prazo.

Não está claro o que foi feito. Xi por meses relutou em falar ao telefone com Trump, e analistas especularam sobre quais concessões o presidente dos EUA ofereceu ao líder chinês em troca da ligação.

Trump pelo menos pareceu ceder terreno em relação a estudantes estrangeiros, dizendo que seria uma “honra” receber acadêmicos chineses, ao mesmo tempo em que seu governo reprime vistos estudantis.

O chanceler alemão Friedrich Merz visitou Washington enfrentando demandas das montadoras de seu país por créditos tarifários para veículos que produzem nos EUA. Mas o assunto mal surgiu durante a parte pública de sua reunião com Trump, que passou grande parte do tempo desabafando sobre Musk.

“Espero que tenhamos um acordo comercial ou faremos algo, aplicaremos as tarifas”, disse Trump na quinta-feira ao lado de Merz.

Merz, em visita aos EUA, enfatizou os laços comerciais que estão em risco —inclusive ao dirigir pessoalmente um BMW fabricado no estado da Carolina do Sul. O líder alemão disse na sexta-feira em um evento da indústria que as nações deveriam concordar com uma “regra de compensação” que proporcionaria alívio tarifário para a produção existente nos EUA.

O acordo com o Reino Unido —o único até agora— foi prejudicado esta semana quando Trump firmou taxas sobre aço e alumínio. O Reino Unido disse que o entendimento incluía tarifas zero sobre metais britânicos, mas a última decisão de Trump manteve uma taxa de 25% sobre eles enquanto as negociações continuam e dobrou a taxa para outros.

Ainda assim, a próxima cúpula do G7 pode fornecer uma oportunidade para o tipo de negociação pessoal que Trump deseja. O primeiro-ministro canadense Mark Carney tem discutido os termos de um possível acordo provisório com Trump antes da reunião deste mês perto de Calgary.

Um tema é claro: as negociações sobre suas chamadas tarifas recíprocas se entrelaçaram com seus impostos separados sobre automóveis e metais, apesar dos sinais anteriores dos EUA de que a administração os considerava separados.

As tratativas estão em andamento com a UE, que propôs um acordo com os EUA para mutuamente zerar as tarifas automobilísticas como parte de uma estrutura comercial mais ampla. O governo Trump rejeitou a proposta.

Na sequência, o bloco sugeriu continuar negociando a tarifa zero para carros, outros bens industriais e algumas importações agrícola, adotando cotas tarifárias como uma medida provisória.

O secretário de Comércio Howard Lutnick disse esta semana que consideraria algum tipo de “crédito de exportação” em automóveis, o tipo de exceção buscada pela Alemanha nas tarifas de veículos. E ele previu que haveria um acordo EUA-Índia em um “futuro não muito distante”.

Lutnick sinalizou, no entanto, que o impulso de Trump pela chamada reciprocidade vem com ressalvas. Os EUA não concordariam com o Vietnã em eliminar todas as tarifas, porque acreditam que o país é um centro para o chamado transbordo de mercadorias chinesas.

As negociações com a Coreia do Sul, onde Trump falou com o recém-eleito presidente Lee Jae-myung, e o Japão, que teve o principal negociador comercial Ryosei Akazawa reunido com Lutnick, continuaram esta semana.

Em mais um sinal da abordagem frenética da equipe de Trump, a Nikkei relatou que posições diferentes —e até concorrentes— entre o secretário do Tesouro Scott Bessent, o representante comercial Jamieson Greer e Lutnick confundiram as contrapartes japonesas.

Notícias Recentes

Travel News

Lifestyle News

Fashion News

Copyright 2025 Expressa Noticias – Todos os direitos reservados.