/ Jun 08, 2025

Defasagem da Siri preocupa investidores sobre IA da Apple – 08/06/2025 – Mercado

A Apple está enfrentando dificuldades para atualizar a Siri, a assistente de voz com inteligência artificial para o iPhone, com investidores pessimistas sobre o potencial de grandes anúncios relacionados ao uso de IA no principal evento anual da companhia, marcado para a próxima semana.

Os desafios para modernizar a Siri com modelos de linguagem avançados, que podem oferecer respostas mais sofisticadas a comandos de voz, foram relatados ao Financial Times por funcionários que deixaram a gigante do Vale do Silício recentemente.

A Apple tem tentado construir seus próprios LLMs (Large Language Models, ou modelos de linguagem de grande escala) sobre a tecnologia de aprendizado de máquina que atualmente alimenta a Siri, um produto já utilizado em centenas de milhões de dispositivos, com o objetivo de criar uma assistente verdadeiramente conversacional.

Ex-executivos afirmaram que o processo de integração das tecnologias tem levado a bugs, um problema não enfrentado por concorrentes como a OpenAI, que construíram assistentes de voz baseados em IA generativa do zero.

Um ex-executivo da Apple disse: “Era óbvio que não seria possível reformular a Siri fazendo o que os executivos chamavam de ‘subir a colina'”, referindo-se a desenvolver o produto já criado em vez de reconstruí-lo do zero.

“Está claro que eles tropeçaram.”

As atualizações da Siri formam uma parte fundamental da “Apple Intelligence”, um conjunto de recursos de IA anunciado na Conferência Mundial de Desenvolvedores da empresa no ano passado e destinado a impulsionar as vendas de hardware.

O Financial Times reportou que a tentativa da Apple de lançar os recursos de IA na China, alimentados por modelos feitos pela Alibaba, está sendo retida por um regulador de Pequim. Acordos sensíveis no país envolvendo empresas de tecnologia norte-americanas têm sido submetidos a um escrutínio mais rigoroso em resposta à guerra comercial do presidente dos EUA, Donald Trump.

Falhas repetidas em lançar recursos da Apple Intelligence que já foram anunciados significam que as expectativas estão baixas para a conferência deste ano.

“Chegamos ao ponto em que os investidores já sabem quais são as potenciais boas notícias, e trata-se de: entreguem o que prometeram no ano passado primeiro”, diz Samik Chatterjee, analista do JPMorgan.

As dificuldades com IA têm pesado sobre as ações da gigante de tecnologia. Tem sido a de pior desempenho entre as chamadas 7 Magníficas —Alphabet, Amazon, Apple, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla—, com queda de cerca de 18% desde o início do ano e abaixo do índice Nasdaq, de forte composição tecnológica, que está praticamente estável.

As tarifas de Trump, ameaças competitivas na China e pressão legal sobre o negócio de serviços de alta margem da Apple também têm levado a preocupações dos investidores sobre o crescimento de longo prazo.

A Siri está no centro dos problemas de IA da Apple e é vista como fundamental para desbloquear ferramentas de autonomia, que exigem o mínimo de intervenção humana, no iPhone e outros dispositivos.

Quando o ChatGPT foi lançado no final de 2022, “a forma como as empresas estavam realizando interação conversacional mudou rapidamente, e ficou claro que a Siri estava ficando para trás”, disse outro ex-funcionário sênior da Apple que trabalhou na tecnologia antes do lançamento.

A pessoa acrescentou que ficou “surpresa” ao ver recursos anunciados no ano passado que, em última análise, “não seriam lançados” a tempo para o lançamento inicial da Apple Intelligence.

Além de operar modelos muito maiores e mais poderosos, empresas como OpenAI, Google e Perplexity lançaram assistentes de voz que são amplamente vistos como mais inteligentes que o da Apple.

A resposta da fabricante do iPhone foi focar a conferência anual de desenvolvedores do ano passado em seu próprio impulso de IA, onde apresentou uma assistente atualizada com IA capaz de ler a tela do usuário, utilizar informações contextuais e realizar ações dentro de seus aplicativos.

Um grupo de recursos de IA, como auxílios de escrita, geração de imagens e emojis e pesquisa baseada em câmera, já chegou ao mercado.

No entanto, as mudanças anunciadas para a Siri ainda não foram lançadas. O CEO Tim Cook admitiu recentemente que a tecnologia não atingiu o “alto padrão de qualidade” da empresa e estava “demorando um pouco mais do que o esperado.”

Os atrasos levaram a Apple a retirar anúncios de TV com a estrela de “The Last of Us”, Bella Ramsey, que promoviam a nova atualização da Siri. A empresa enfrentou vários processos por publicidade enganosa movidos por consumidores.

A demora significa que a Apple está essencialmente a três anos ou mais de distância de entregar “uma assistente de IA verdadeiramente moderna, muito depois do Google e outros terem integrado tal tecnologia”, escreveram analistas do Bank of America na segunda-feira (2).

As falhas levaram a mudanças na Apple. John Giannandrea, seu guru de IA contratado do Google em 2018, viu a divisão de produtos Siri ser removida de sua responsabilidade no início deste ano e transferida para Mike Rockwell, o executivo por trás do headset Vision Pro.

Um ex-executivo da Apple disse que equipes de liderança fragmentadas levaram à falta de uma estratégia unificada em torno da IA, agravada por uma falta inicial de apetite por parte dos principais executivos para alocar um orçamento grande o suficiente para o desenvolvimento da tecnologia.

Outro desafio é o foco da Apple na privacidade e segurança do usuário. A empresa priorizou a execução de seus recursos de IA através de modelos menores e da permanência dos dados do usuário no dispositivo, o que ex-funcionários disseram adicionar outra camada de complexidade ao desafio.

Isso contrasta com LLMs maiores, como os que alimentam o ChatGPT da OpenAI, que funcionam através da nuvem em servidores poderosos. A Apple tem se apoiado na OpenAI ao lançar a integração do ChatGPT com a Siri.

Desde então, a OpenAI sinalizou suas próprias ambições no espaço de hardware, com o CEO Sam Altman anunciando um acordo de US$ 6,5 bilhões (R$ 36,1 bilhões) para adquirir a IO, empresa fundada pelo ex-designer da Apple Jony Ive, que agora criará produtos para um potencial rival. As ações da Apple caíram cerca de 2% com a notícia.

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