/ Jun 18, 2025

BC estuda novo modelo de crédito imobiliário sem poupança – 10/06/2025 – Mercado

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta terça-feira (10) que a instituição estuda uma nova estrutura de financiamento para a casa própria, diante da perda de força da caderneta de poupança como principal fonte de crédito imobiliário no país.

“Temos uma queda estrutural, real e nominal, na caderneta de poupança, que é o principal funding do financiamento imobiliário”, disse Galípolo durante a Febraban Tech 2025, evento de inovação e tecnologia do setor financeiro, que acontece no Expo Transamérica, na zona sul de São Paulo.

“A poupança paga uma remuneração que é difícil de competir com as alternativas que existem hoje. Essa redução me parece natural”, afirmou.

Para Galípolo, o cenário impõe ao Banco Central e ao sistema financeiro a criação de alternativas. “Estamos trabalhando nisso há um tempo, conversando com parceiros relevantes no financiamento habitacional, como a Caixa”, afirmou.

Segundo ele, esse novo modelo de financiamento utilizará captação no mercado financeiro. O presidente, porém, não deu mais detalhes.

Em resposta, o presidente da Caixa Econômica Federal, Carlos Vieira, afirmou que o banco público atua como executor das diretrizes definidas pelas autoridades reguladoras. “A Caixa é usuária daquilo que é definido. As circulares, as resoluções dos órgãos reguladores guiam a forma como a Caixa deve atuar”, disse Vieira. Ainda assim, ele confirmou que há diálogo com o BC sobre “operações mais estruturantes” no crédito imobiliário.

Desde o ano passado, a Caixa pressiona o governo federal por alternativas para financiar a casa própria. Uma das sugestões é a liberação dos depósitos compulsórios dos bancos para driblar a possível falta de recursos para a concessão de financiamento imobiliário.

Hoje, o Banco Central exige o recolhimento compulsório de 20% sobre os recursos de depósitos de poupança. A ideia da Caixa é que passe a ser de 15%. Segundo o presidente do banco, com a liberação desse percentual obrigatório seriam destravados entre R$ 70 bilhões e R$ 80 bilhões para financiamento imobiliário.

Com o esgotamento da poupança como fonte estável de recursos para o setor, outros instrumentos passaram a ganhar relevância. As LCIs (Letras de Crédito Imobiliário), por exemplo, já lideram o crédito para moradia e somam atualmente R$ 427 bilhões em estoque, segundo dados da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias).

No entanto, o fim da isenção de Imposto de Renda sobre esses papéis —proposto pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para aumentar a arrecadação federal— pode elevar em até 0,7% o custo do crédito atrelado ao SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo), de acordo com a associação.

A preocupação com o encarecimento do crédito é crescente entre incorporadoras e bancos. A expectativa do setor é que a reformulação no modelo de funding possa preservar o acesso ao financiamento imobiliário com taxas sustentáveis, especialmente para a classe média, principal usuária do SBPE.

De acordo com Pesquisa Indicador de Confiança do Setor Imobiliário Residencial, da Abrainc, realizada em parceria com a Deloitte e divulgada nesta terça, apesar dos altos índices de saque da poupança nos últimos meses, e do aumento na taxa de financiamento habitacional no segmento de médio padrão, a intenção de compra de imóveis em geral segue em bom patamar.

As expectativas sobre as vendas neste segmento ficaram em 1,69 ponto, o que significa queda de 0,09 pontos no primeiro trimestre deste ano em relação ao trimestre anterior.

Segundo Claudia Baggio, sócia de Financial Advisory e líder da prática de Real Estate da Deloitte, a desaceleração da performance do segmento está relacionada principalmente à alta taxa de juros. “Os compradores estão mais receosos quanto aos investimentos diante da taxa de juros mais alta, e consequentemente do financiamento mais caro”, disse.

A expectativa do setor é que a entrada da classe média na nova faixa do Minha Casa, Minha Vida impulsione as cadeias de negócios da construção civil e do mercado imobiliário.

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