Quase 20% dos medicamentos da Cimed poderiam ser vendidos em supermercados, mas, mesmo assim, o presidente da farmacêutica brasileira, João Adibe, é contrário ao projeto de lei que pretende liberar a comercialização pelo varejo alimentício dos remédios que não exigem receita. Para o empresário, mesmo com a possibilidade de ampliar pontos de venda, a medida não é boa.
Com um faturamento de R$ 3,6 bilhões no ano passado, a Cimed está entre as cinco maiores do ramo, segundo a Abradilan (Associação Brasileira de Distribuição e Logística de Produtos Farmacêuticos).
Adibe considera que haverá uma canibalização dos pontos de venda. Segundo ele, as farmácias são o segundo ponto de venda físico mais frequentado do país, perdendo justamente para os supermercados.
“Para que destruir o canal?”, disse ao Painel S.A.. “A gente tem que agregar”.
Ele considera existir uma cultura de visitação de farmácias e o aumento de pontos de vendas para supermercados não estimularia, necessariamente, as receitas das farmacêuticas.
“Você compraria um produto para dor de cabeça dentro do supermercado?”, questiona.
Outro ponto crucial é o gerenciamento de estoques. Adibe afirma que as farmácias lidam com estoques de cerca de 14 mil itens, enquanto nos supermercados eles não chegam a 5 mil.
“Será que o canal alimentar está preparado para assumir isso?”, diz.
O setor de supermercados tem pleiteado junto aos parlamentares e integrantes do governo em Brasília para ampliar a discussão sobre esse assunto. O Conselho Nacional de Saúde, porém, recomenda a rejeição da proposta.
Como noticiou o Painel S.A., a Abras, a associação dos supermercados, contratou uma pesquisa do Datafolha para reforçar seu lobby em defesa da quebra do monopólio das farmácias.
O levantamento mostra que 74% da população brasileira —o equivalente a 118,3 milhões de pessoas—, concordam que, se os remédios que não exigem receita estiverem mais acessíveis e próximos, deixariam de manter estoques em casa.
A jornalista viajou a convite da Esfera Brasil