/ Jun 13, 2025

Banco Mundial vai retomar financiamento à energia nuclear – 11/06/2025 – Mercado

O Banco Mundial suspendeu uma proibição de décadas ao financiamento de energia nuclear, em uma mudança de política que visa acelerar o desenvolvimento dessa tecnologia de baixas emissões para atender à crescente demanda de eletricidade no mundo em desenvolvimento.

Em um email dirigido aos funcionários nesta quarta-feira (11), Ajay Banga, presidente do Banco Mundial, disse que a instituição “começará a reingressar no espaço da energia nuclear” em parceria com a Agência Internacional de Energia Atômica, a agência nuclear da ONU que trabalha para prevenir a proliferação de armas nucleares.

“Apoiaremos esforços para estender a vida útil de reatores existentes em países que já os possuem, e ajudaremos a apoiar melhorias na rede elétrica e na infraestrutura”, diz o email.

A mudança dá sequência ao apoio do governo Donald Trump à modalidade e uma mudança de governo na Alemanha, que antes se opunha ao financiamento da energia atômica devido à oposição política doméstica à tecnologia.

Isso faz parte de uma estratégia mais ampla que visa enfrentar a expectativa de duplicação da demanda de eletricidade no mundo em desenvolvimento até 2035.

Atender a essa demanda exigiria que o investimento anual em geração, redes e armazenamento aumentasse de US$ 280 bilhões hoje para US$ 630 bilhões, disse Banga no memorando visto pelo Financial Times.

O documento afirma que o investimento do setor privado é essencial, mas as empresas precisariam de apoio do banco, incluindo ferramentas como garantias e capital próprio. O banco apoiará uma série de projetos de energia, incluindo usinas solares, eólicas, geotérmicas, hidrelétricas e de gás natural, onde isso não “restrinja as renováveis”, acrescentou.

“Também trabalharemos para acelerar o potencial dos pequenos reatores modulares —para que possam se tornar uma opção viável para mais países ao longo do tempo”, dizia o memorando.

Banga disse que o conselho do banco ainda não concordava se deveria apoiar o desenvolvimento de extração de combustíveis fósseis. Isso exigiria mais discussão, afirmou.

A decisão do credor multilateral de considerar o financiamento de projetos nucleares é um impulso significativo para o setor, que experimentou uma forte contração após o acidente nuclear de Fukushima em 2011.

A crise climática e o aumento da demanda de energia devido à implantação de tecnologias de inteligência artificial com alto consumo energético já levaram muitos governos a reconsiderar a energia atômica.

As usinas nucleares podem fornecer uma base estável de eletricidade livre de emissões, que pode ser aumentada com fornecimentos intermitentes de energia solar e eólica em momentos de maior demanda.

Mas os projetos frequentemente enfrentam resistência devido a temores de consequências de acidentes, como em Fukushima, Tchernóbil em 1986 e o derretimento de Three Mile Island nos EUA em 1979.

Mais de 30 países assinaram um compromisso durante a cúpula climática COP28 em Dubai em 2023 para triplicar a capacidade nuclear global até 2050, com o objetivo de cumprir as metas climáticas do Acordo de Paris.

O Banco Mundial não apoia um projeto nuclear desde 1959, devido tanto à oposição de Berlim quanto às preocupações de alguns países sobre a proliferação nuclear.

Mas o novo governo de Berlim liderado pelo chanceler Friedrich Merz abandonou a oposição do país à energia nuclear. Em maio, Berlim sinalizou a Paris que não mais bloquearia os esforços franceses para garantir que a energia nuclear seja tratada em pé de igualdade com a energia renovável na legislação da UE.

O setor nuclear espera que outros credores multilaterais, incluindo o Banco Asiático de Desenvolvimento, possam agora seguir o exemplo do Banco Mundial.

Financiamento mais barato apoiado pelo governo é visto como crítico para a construção de grandes usinas nucleares, que são vulneráveis a atrasos e estouros de orçamento.

Os EUA, que detêm a maior fatia do Banco Mundial, e outros países ocidentais pró-energia nuclear têm feito campanha para que o credor reveja sua proibição de apoiar projetos nucleares

Eles argumentam que tal mudança ajudaria as empresas ocidentais a competir com gigantes nucleares estatais na Rússia e na China que começaram a construir usinas em países em desenvolvimento. A Rosatom da Rússia está construindo usinas nucleares na Turquia, Bangladesh, China, Índia e Irã.

No ano passado, o Banco Europeu de Investimento abriu as portas para o financiamento de projetos de energia atômica após uma campanha de lobby bem-sucedida por grandes produtores nucleares, incluindo a França.

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