O vice-ministro do Comércio da China, Li Chenggang, disse nesta terça-feira (10) que as equipes de negociação chinesa e norte-americana concordaram com uma estrutura de acordo sobre comércio após dois dias de conversas, e levariam isso de volta aos seus líderes.

“Os dois lados chegaram, em princípio, a uma estrutura para implementar o consenso alcançado pelos dois chefes de Estado durante a ligação telefônica de 5 de junho e o consenso alcançado na reunião de Genebra”, afirmou Li a repórteres em Londres.

Durante o encontro, que começou nesta segunda-feira (9) na Inglaterra, representantes de Washington e Pequim tentam mitigar a guerra comercial entre as maiores economias do mundo. As negociações são um esforço para garantir que duas questões contenciosas —as exportações chinesas de terras raras para os EUA e os controles americanos de exportação de tecnologia para a China— não atrapalhem as conversas comerciais mais amplas.

O secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, disse na quarta-feira que o plano de implementação dos termos acordados com a China devem resultar na resolução das restrições sobre terras raras, necessárias para fabricar todos os tipos de tecnologias avançadas e produzidas quase que inteiramente na China.

O país asiático responde por 70% da mineração mundial de terras raras e, mais importante, mais de 90% do processamento. O governo chinês impôs controles rigorosos sobre as exportações de sete terras raras em abril, depois que Trump começou a impor tarifas cada vez mais altas sobre produtos chineses. Os metais incluem térbio, usado para fabricar lâmpadas de baixo consumo, e disprósio, utilizado em motores de veículos elétricos.

A situação afetou diretamente a cadeia de suprimentos globais e causou novas críticas de Trump ao governo chinês mesmo após ter chegado a um acordo em Genebra, em 12 de maio, quando os dois países concordaram em reduzir em 115 pontos percentuais as tarifas recíprocas cobradas entre eles. Com isso, o tributo de produtos chineses que chegam aos EUA ficou em 30%, enquanto os produtos norte-americanos recebem um imposto de 10% para entrar na China.

As conversas ocorrem em um momento crucial para ambas as economias, que mostram sinais de tensão devido às tarifas de Trump desde seu retorno à Casa Branca em janeiro.

Dados alfandegários mostraram que as exportações da China para os EUA caíram 34,5% em valor em maio na comparação anual, a queda mais acentuada desde fevereiro de 2020, quando a pandemia de Covid-19 desestruturou o comércio global.

Nos EUA, a confiança das empresas e das famílias desabou, enquanto o PIB do primeiro trimestre contraiu devido a um aumento recorde nas importações, já que os americanos anteciparam compras para evitar aumentos de preços.

Até agora, o impacto sobre a inflação foi moderado e o mercado de trabalho permaneceu relativamente resiliente, embora os economistas esperem que os problemas se tornem mais aparentes durante o verão.