/ Jun 17, 2025

Fusão nuclear na Europa atrai investimento recorde – 11/06/2025 – Mercado

Uma startup alemã garantiu um financiamento recorde de €130 milhões (R$ 827 milhões) para desenvolver sua tecnologia de energia por fusão, à medida que investidores aumentam suas apostas no potencial da Europa na corrida para criar energia abundante e livre de emissões por meio da fusão de átomos.

O investimento na Proxima Fusion, com sede em Munique (Alemanha), liderado pelos fundos de tecnologia Cherry Ventures e Balderton Capital, é o maior já feito no setor de fusão da Europa.

Filip Dames, sócio-fundador da Cherry Ventures, descreveu o aporte como uma “aposta na capacidade da Europa de liderar a solução de um dos maiores desafios da humanidade”.

“Não existem muitas empresas trilionárias no mundo, mas achamos que, se houver uma com potencial para isso, é a Proxima”, disse ele ao Financial Times.

Proxima foi criada há dois anos a partir do Instituto Max Planck de Física de Plasma, da Alemanha, com um investimento inicial de € 7 milhões (R$ 44,5 milhões). A empresa busca construir um dispositivo chamado stellarator, que considera a rota mais viável para obter energia de fusão comercial. Essa é uma alternativa ao tokamak, mais comum e desenvolvido por cientistas soviéticos nos anos 1950.

Ambos os dispositivos usam grandes ímãs para suspender uma massa flutuante de plasma de hidrogênio, aquecida a temperaturas extremas para que os núcleos atômicos se fundam, liberando enormes quantidades de energia. A estrutura retorcida do stellarator é mais complexa de construir, mas deve produzir um plasma mais estável —característica que, segundo a Proxima, o torna mais adequado para uso em usinas.

Até recentemente, quase todo o financiamento de projetos de fusão por confinamento magnético era direcionado a tokamaks tradicionais, e empresas dos EUA levantaram quantias muito maiores do que a Proxima.

A Commonwealth Fusion Systems, apoiada por Bill Gates e que está construindo um tokamak de demonstração em Massachusetts, levantou um recorde de US$ 1,8 bilhão (R$ 10 bilhões) em 2021. Já a Helion, apoiada por Sam Altman, arrecadou US$ 425 milhões (R$ 2,3 bilhões) em janeiro.

No entanto, nenhuma máquina de fusão conseguiu, até agora, gerar mais energia do que consome, e alguns cientistas acreditam que a energia por fusão comercial ainda está a décadas de distância.

Francesco Sciortino, CEO da Proxima, afirmou que o novo financiamento será usado para construir, até 2027, um poderoso ímã inédito chamado Stellerator Model Coil. “Esse é o ímã que muda a história”, disse ele ao FT.

Em seguida, a empresa planeja construir uma planta de demonstração até 2031, a um custo de cerca de € 1 bilhão (R$ 6,3 bilhões) —que Sciortino espera financiar parcialmente com apoio de algum governo europeu—, para então lançar a primeira usina comercial de energia por fusão ainda na mesma década.

O recém-nomeado chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, é um entusiasta da pesquisa em fusão e já declarou que o país deveria sediar a primeira usina de fusão do mundo. “Nossa mensagem principal para o chanceler Merz é: você pediu um projeto-farol para a Alemanha. Nós estamos entregando esse projeto”, afirmou Sciortino.

Daniel Waterhouse, sócio da Balderton Capital, disse que o fundo, com foco em tecnologia, ficou impressionado com a “equipe excepcional” da Proxima e com a capacidade da empresa de usar softwares de simulação para superar desafios de design.

“É definitivamente um perfil de risco diferente do que se vê em investimentos de software”, comentou. “O que nos deu confiança foi acreditar que, neste caso, a física já está resolvida.”

Sciortino ressaltou que a Europa liderou a pesquisa em fusão por décadas, mas corre o risco de ficar para trás justamente no momento decisivo, se não apoiar as empresas privadas que tentam tornar a energia de fusão uma realidade. O stellarator mais avançado do mundo, já em operação e construído com financiamento público, está em Greifswald, no leste da Alemanha.

“Se o governo não investir no momento certo, tudo isso será em vão”, afirmou o CEO da Proxima. “Você só terá feito ciência para ajudar nossos colegas americanos ou chineses.”

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