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O segredo da riqueza que você ignora todos os meses – 10/06/2025 – De Grão em Grão

A maioria das pessoas quer saber o segredo para enriquecer. Mas talvez a pergunta devesse ser outra: por que tanta gente sabe o caminho e, mesmo assim, não enriquece?

Imagine uma plantação. O solo é fértil, o clima é favorável e as sementes são de ótima qualidade. Mas há um porém: só colhe quem rega todos os dias. Não adianta plantar a melhor variedade se você esquece de cuidar dela por semanas. E também não adianta regar com baldes imensos uma vez a cada 5 anos. A construção de riqueza se parece com isso. Depende menos de decisões extraordinárias e mais de pequenos hábitos repetidos com consistência.

No acúmulo de patrimônio, três fatores são fundamentais: quanto você poupa, por quanto tempo faz isso e a taxa de retorno obtida ao longo do tempo.

Embora todos os três influenciem o resultado final, apenas dois estão realmente sob seu controle: o valor que você consegue guardar com disciplina e o tempo que mantém esse esforço. A rentabilidade, por mais desejável que seja, escapa ao nosso controle. Não dá para prever, por mais conservador que você seja.

Ainda assim, é nesse último item que boa parte das pessoas foca. Querem prever qual ação vai subir, qual fundo vai render mais, quando entrar ou sair. Mas a verdade desconfortável é que o retorno não é garantido. Já o esforço mensal e o tempo que você se dedica a esse processo, esses sim, estão nas suas mãos.

Morgan Housel, autor do livro “A Psicologia Financeira”, resume esse dilema com uma frase certeira: o retorno é o que faz você ficar rico, mas a disciplina é o que faz você permanecer rico.

Um exemplo simples ajuda a visualizar isso. Imagine duas pessoas. A primeira começa a investir aos 25 anos, guardando R$ 300 por mês durante até os 65 anos. A segunda começa aos 50 anos e guarda o dobro R$ 600 reis até os 65. O primeiro não sabia aplicar e ganhou 80% do juros básico real, ou seja, 4% ao ano acima da inflação. Vamos assumir que o juros real seja de 5% ao ano. Já o segundo, foi um mestre e ganhou 150% do juros real, ou seja 7,5% ao ano acima do IPCA.

Perceba que o juros real daquele que foi um mestre nas aplicações foi 187,5% maior que o indivíduo que iniciou primeiro.

Ao final, quem começou mais cedo, poupou metade do valor e teve retorno anual significativamente menor, acumulou cerca de R$ 348,3 mil corrigidos pela inflação. Já quem começou mais tarde, ainda que tenha guardado o dobro, terminou com algo próximo de R$ 194,4 mil, corrigidos pela inflação.

A principal diferença não está no rendimento, mas em quando a poupança começou. O tempo atuou como um multiplicador silencioso, mas poderoso. Muito mais poderoso do que a rentabilidade.

É claro que escolher bons investimentos faz diferença. Mas o ponto é que, para a maioria, o problema não está em escolher mal. Está em não começar ou não manter a disciplina.

Talvez o verdadeiro segredo da riqueza não esteja em saber o que fazer, mas em fazer — de forma consistente e por tempo suficiente — aquilo que já se sabe. Não à toa, para muitos, o único patrimônio acumulado ao longo da vida é o imóvel em que vivem. E isso só aconteceu porque havia, mês após mês, um boleto cobrando disciplina.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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