/ Jun 15, 2025

Startups de terras raras disputam R$ 5,5 bi do BNDES – 11/06/2025 – Mercado

Exploradoras minerais que buscam aproveitar o aumento da demanda por terras raras estão disputando uma fatia de quase US$ 1 bilhão (R$ 5,5 bilhões) em financiamento brasileiro para viabilizar seus projetos num país que detém as maiores reservas do mundo depois da China.

O Brasil deve divulgar nesta quinta-feira (12) uma lista de projetos estratégicos de minerais que poderão receber apoio financeiro do BNDES e da agência pública de fomento Finep. As duas instituições passaram semanas analisando 124 propostas, que somam US$ 15 bilhões (R$ 83 bilhões), incluindo muitas de empresas interessadas em produzir terras raras usadas em ímãs, baterias e equipamentos de alta tecnologia.

O país sul-americano tenta transformar anos de promessas em torno das terras raras em realidade, num momento em que a China utiliza sua posição dominante na indústria como moeda de troca em negociações comerciais.

Isso levou os EUA e outros governos a buscar fontes alternativas de fornecimento, por considerarem o tema uma questão de segurança nacional. As tensões comerciais em torno desses elementos pouco conhecidos abriram oportunidades para startups.

Empresas com projetos em estágio inicial no Brasil incluem a Aclara Resources Inc., a Viridis Mining and Minerals Ltd. e a Meteoric Resources NL.

Embora apenas uma parte do financiamento estatal possa não ser suficiente para tirar os projetos do papel, o BNDES também está disposto a atrair instituições internacionais, como a Agência de Cooperação Internacional do Japão —desde que os projetos incluam uma etapa de refino. O banco pode ainda mobilizar parceiros privados e utilizar recursos do Fundo Nacional sobre Mudança do Clima.

“O mundo percebeu que não pode depender de um único país,” disse José Luis Gordon, diretor de desenvolvimento, comércio exterior e inovação do BNDES. O Brasil possui 23% das reservas globais, ficando atrás apenas da China, segundo o Serviço Geológico dos EUA. Hoje, a produção no país se resume ao grupo Serra Verde, uma empresa apoiada por investidores americanos que vende, em sua maioria, para compradores chineses.

“O Brasil é um copia-e-cola geológico do que a China tem,” disse Ramon Barua, presidente da Aclara, em entrevista. “A diferença é que fazemos isso de forma extremamente sustentável.”

As terras raras voltaram ao centro das atenções depois que a China impôs restrições às exportações, enquanto os EUA tentam fechar acordos de fornecimento com países como Ucrânia, Groenlândia e República Democrática do Congo. O presidente Donald Trump afirmou nesta quarta-feira (11) que um novo acordo comercial com Pequim foi fechado, com a China fornecendo terras raras e ímãs.

Não é a primeira vez que as terras raras atraem atenção global. No início dos anos 2010, empresas como a Molycorp Inc. e a Lynas Rare Earths Ltd. despertaram interesse dos investidores por esses elementos pouco conhecidos —até que o mercado desabou com o aumento da oferta e a adoção de alternativas mais baratas.

A indústria global ainda enfrenta diversos desafios além da extração dos elementos. Um deles é competir com a China no refino. Outro é criar um parâmetro de preços fora do mercado opaco chinês. A consultoria Wood Mackenzie estima que os preços teriam que dobrar para viabilizar uma oferta garantida fora da China.

“Os investidores não estão dispostos a assumir todo esse risco, então são necessários incentivos —provavelmente dos governos— para reduzir essa exposição,” afirmou Johann Schmid, chefe de consultoria em metais da Wood Mackenzie.

Produtores com projetos no Brasil esperam atrair compradores dos EUA e de outros países ocidentais, apostando na possibilidade de acesso a financiamento mais barato. A Aclara, por exemplo, quer explorar e refinar no Brasil para abastecer uma fábrica de ímãs na Carolina do Sul.

A Viridis já conversou com bancos públicos dos EUA, Canadá, Alemanha, França, Japão, Coreia do Sul e Austrália. Com sede em Perth, a empresa busca diversificar suas fontes de financiamento e clientes para ganhar mais flexibilidade.

“Toda a cadeia industrial ainda precisa ser estruturada,” disse Klaus Petersen, diretor da Viridis no Brasil. “Por enquanto, só falamos com bancos de fomento.”

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