Em mais um dado positivo para o governo de Javier Milei, a inflação mensal na Argentina, medida pelo IPC (Índice de Preços ao Consumidor) registrou 1,5% em maio de 2025, conforme divulgado nesta quinta-feira (12).
É o menor número para maio desde 2020, quando o IPC também marcou 1,5%. Em abril, o Indec (Instituto Nacional de Estatísticas e Censos) havia apontado uma inflação de 2,8%. Em 12 meses até maio, o indicador ficou em 43,5%.
Os dados nacionais seguem em linha com a inflação registrada na cidade de Buenos Aires, divulgados na segunda-feira (9), mostraram uma taxa de 1,6% em maio, a mais baixa em cinco anos. Isso influenciou as projeções do índice nacional.
Até então, o recorde mais baixo na gestão de Javier Milei era de 2,2% em janeiro. O presidente havia mencionado que a inflação em maio não deveria ultrapassar 2%, afirmando que em 2026 a inflação alta na Argentina será parte do passado.
“A inflação no mês foi a menor desde maio de 2020. Se o efeito particular sobre o IPC nos primeiros meses da pandemia for excluído, a inflação mensal foi a mais baixa desde novembro de 2017”, disse o Ministério da Economia.
O segmento que registrou o maior aumento no mês foi comunicações (4,1%), devido aos aumentos em serviços de telefonia e internet. Em seguida, restaurantes e hotéis (3,0%), devido aos aumentos em restaurantes e alimentação fora de casa.
Ao mesmo tempo, as vendas em supermercados e lojas de autoatendimento estão praticamente estagnadas, com crescimento de 0,1% em abril em relação ao ano anterior, de acordo com a consultoria Scentia. Foi a primeira vez em 15 meses em que elas não tiveram queda, mas ainda não houve um aumento robusto.
Ao contrário do que previam os críticos ao plano econômico de Milei, o governo apostava em uma redução da inflação após o fim parcial do cepo (a restrição para a compra de dólares) para pessoas físicas, em abril, e a criação de um sistema de flutuação em bandas para o dólar.
Modificar o cepo e desvalorizar o peso argentino eram parte das exigências que o FMI (Fundo Monetário Internacional) fez para autorizar um novo empréstimo ao país, desta vez de US$ 20 bilhões (cerca de R$ 112,9 bilhões).
Os economistas com uma visão oposta ao ministro da Economia, Luis Caputo, apontavam que a moeda local está sobrevalorizada e temiam que o fim da restrição para a compra de dólares levasse a um aumento expressivo pela procura da divisa norte-americana. Isso poderia fazer com que o câmbio chegasse a um patamar mais alto que o limite da banda, que era de 1.400 pesos argentinos em abril e de 1.414 em maio.
Já o governo defendia que o empréstimo do Fundo garantiria tranquilidade à economia argentina, abrindo caminho para a chegada de investimentos estrangeiros no futuro. Milei garantiu que “agora é o momento de crescer”.
“A verdadeira causa do problema foi o desequilíbrio fiscal, enquanto remendos foram colocados em todos os lugares” e observou o presidente em um fórum para empresários. Ele disse que seu governo herdou um déficit de 15 pontos do PIB (Produto Interno Bruto) e conseguiu atingir o equilíbrio fiscal em um ano.
As previsões do Banco Central estimavam inicialmente uma inflação de 2,1% para maio, mas algumas consultorias argentinas, como a Adcap, ajustaram suas estimativas para 1,9%.
A Adcap afirmou que há riscos negativos em relação à inflação, como os preços de energia com a chegada do tempo mais frio, mas a estimativa estava próxima das expectativas gerais, de 1,8%. A C&T Consultores e outras instituições também projetavam 1,8%, enquanto EcoGo e FMyA viam 1,9%.
Internacionalmente, o JP Morgan estimava um valor de 1,73% –a projeção mais baixa entre os principais analistas– seguido pelo BNP Paribas e ITAU BBA, ambos com 1,90%.
GOVERNO CAÇA DÓLARES PARA REFORÇAR RESERVAS
Enquanto comemora os dados mais baixos de inflação da era Milei, o governo argentino tem anunciado uma série de medidas para tentar resolver um de seus principais problemas agora: a falta de dólares.
Na terça-feira (10), o ministro Luis Caputo, anunciou um programa para tentar arrecadar até US$ 7 bilhões, com um limite mensal de US$ 1 bilhão (R$ 5,5 bilhões), em uma busca para reforçar as reservas do BCRA (Banco Central da República Argentina) e manter o dólar comportado até as eleições legislativas de outubro.
Em maio, após sete anos, o governo da Argentina voltou ao mercado internacional de dívida ao concluir a emissão de US$ 1 bilhão por meio de um título voltado a fundos de investimento estrangeiros cotado em pesos argentinos, mas que é comprado com dólares.
O BCRA também convocou uma nova licitação de seu programa de empréstimos Repo (com garantia, no caso, em ouro), que deve permitir a emissão de até US$ 2 bilhões (R$ 11 bilhões) com bancos internacionais. Além disso, fará a recompra de opções de venda de títulos do Tesouro que estão com os bancos.