Uma ação de marketing de um banco chinês para atrair depositantes, oferecendo brindes como os populares bonecos Labubu, foi barrada por reguladores financeiros, destacando a crescente disputa entre instituições bancárias por clientes em um cenário de queda nas taxas de juros e margens de lucro.
A filial de Zhejiang da Administração Nacional de Regulação Financeira solicitou aos bancos locais que se abstenham de oferecer benefícios irregulares para captar depósitos, segundo pessoas familiarizadas com o assunto.
A orientação veio após uma campanha do Ping An Bank Co., que passou a oferecer bonecos colecionáveis Labubu —brinquedos em caixa surpresa promovidos por celebridades como Lisa, do grupo sul-coreano Blackpink— em várias cidades a novos depositantes que aplicassem pelo menos 50 mil yuans (cerca de R$ 38,5 mil) por três meses.
Práticas como essa, que costumam incluir brindes como arroz, eletrodomésticos ou recompensas digitais, como assinaturas de plataformas online, foram vistas como um fator de aumento de custos para os bancos e de pressão sobre suas margens, disseram as fontes.
Embora a campanha do Ping An Bank tenha viralizado na rede social chinesa Xiaohongshu e despertado grande interesse entre poupadores, ela também foi criticada pela mídia estatal, que a classificou como “uma solução sem perspectiva de longo prazo”.
Os bancos chineses enfrentam um desafio delicado: manter a captação de depósitos sem comprometer margens que já estão em níveis historicamente baixos. Em maio, os grandes bancos do país cortaram novamente suas taxas de juros para depósitos, movimento seguido por instituições menores, que reduziram as taxas para pouco acima de 1%.
O regulador bancário de Zhejiang determinou a suspensão imediata de produtos ligados a práticas irregulares de captação, além da remoção de materiais promocionais, segundo as fontes. Ainda não está claro se outras filiais regionais da entidade emitiram instruções semelhantes.
O órgão regulador não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. O Ping An Bank afirmou que a iniciativa começou como um projeto de pequena escala em uma agência local e preferiu não se manifestar mais sobre o caso.
Desde 2018, uma norma da China proíbe bancos comerciais de atrair depósitos por “meios inapropriados”, como distribuição de brindes físicos ou devolução de dinheiro.
