/ Jun 14, 2025

Governo terá de fazer gatos para evitar apagões – 11/06/2025 – Vinicius Torres Freire

O que vai sair do pacote de medidas “estruturantes” e do catadão de dinheiros para cobrir o buraco das contas do governo em 2025 e 2026? Um troço desestruturado.

O governo declara que não quer conter o aumento de despesa. O Congresso, com cara-de-pau cínica, apenas cobra a contenção do gasto que frequentemente aumenta. Vão sobrar gambiarras a fim de manter a luz acesa em 2025. Para 2026, continua o risco de apagão, antes previsto para 2027.

A revolta contra impostos, falta de pagamento de emendas parlamentares e a pré-campanha eleitoral vão depenar os planos do governo de aumentar impostos. Poderia ser pior.

Graças a Donald Trump, diminuiu o risco de a situação macroeconômica degringolar no Brasil, no curto prazo. O dólar ficou mais fraco pelo mundo e por aqui. A economia mundial em marcha mais lenta contém o preço de commodities como o petróleo. A China, de resto praticamente em deflação, desova mais produtos baratos no mercado internacional. A grande safra no Brasil deve contribuir para a conter a carestia dos alimentos.

A inflação deste 2025 pode embicar na direção de 5%, muito acima da meta, mas desacelerando mais do que o previsto —poderia ser pior, com contaminação maior da inflação de 2026. As taxas de juros no atacadão do mercado de dinheiro estão mais contidas em seu nível ainda horrível.

Como a biruta do comportamento de Trump varia de acordo com os ventos de seus oportunismos e necessidades circunstanciais de seu projeto tirânico, não conviria contar com essa sorte provisória.

Por aqui, o problema crítico de 2027 nas contas públicas começou a brotar antes do que se esperava.

Sem aumento de imposto, o governo apenas cumprirá as metas relaxadas do arcabouço fiscal por meio de gambiarras piores ou também de um arrocho agônico no que resta do dinheiro que já não está destinado a despesas obrigatórias.

A lambança do IOF não deve render mais do que um terço da receita prevista. O buraco seria compensado por um catado de dinheiros a cobrar neste ano e por medidas “estruturantes”.

Há o risco de que passe apenas parte até do catado de dinheiros, composto de mais imposto sobre “bets”, sobre fintechs, juros sobre capital próprio e um boato sobre tributação de criptoativos, por exemplo, dinheiros que poderiam ser cobrados neste ano.

A medida “estruturante” que sobrou, que taparia o buracão fiscal de 2026, pode cair inteiramente. Trata-se da cobrança de IR sobre o ganho com aplicações financeiras ora isentas, tais como aquelas que financiam o agro, o setor imobiliário e, talvez, infraestrutura. Em si, essa tributação faz sentido. Mas serve agora apenas para cobrir contas no vermelho; quem a ela se opõe, em geral quer apenas manter o privilégio de sua isenção tributária.

No que resta, o governo deve bater na porta de estatais, pegando mais dividendos, aqueles que no início do Lula 3 seriam cortados de modo a haver mais investimento de “empresas estratégicas”.

O governo deve tentar aumentar a arrecadação com o setor de petróleo, que por prevenção já reclama de quebra de contratos. A ideia seria antecipar receitas, um tipo de gambiarra histórica em desarranjos fiscais. Talvez falte ainda algum, sendo então necessário contingenciamento (contenção) extra de despesa.

Em resumo, o governo terá de fazer “gatos” fiscais a fim de evitar apagões na máquina pública e no investimento.


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