/ Jun 13, 2025

Maternidade sem culpa: o desafio de equilibrar a carreira e filhos em um país que ainda espera tudo das mulheres – 12/06/2025 – Políticas e Justiça

Conciliar carreira e maternidade é, muitas vezes, um exercício diário de equilíbrio, superação e reinvenção. A chegada de um filho muda tudo: rotina, prioridades, perspectivas profissionais. Mas, principalmente, o olhar sobre si mesma. Vivenciar essa fase em um ambiente de trabalho respeitoso e acolhedor é um fator decisivo.

Durante a gestação, é comum que surjam dúvidas, inseguranças e medos sobre o desempenho profissional, sobre a reação da liderança e sobre a estabilidade no emprego. Ter segurança para comunicar a gravidez e seguir com o trabalho até o final do período sem sentir culpa ou receio é um privilégio que ainda não é realidade para muitas brasileiras.

Segundo uma pesquisa da FGV (Fundação Getulio Vargas), cerca de 48% das mulheres perdem o emprego até 12 meses após o término da dispensa de trabalho. Esse dado revela uma realidade preocupante e reforça a importância de políticas de apoio à maternidade no ambiente corporativo.

Agora, em plena licença, estou vivendo uma experiência profunda e transformadora. É um período de vínculo intenso com meu filho, repleto de descobertas, aprendizados e vulnerabilidades. Lidar com a falta de sono, as inseguranças e as exigências da maternidade fizeram com que eu me sentisse em alguns momentos desestabilizada. No entanto, esse período também foi de grande aprendizado.

A maternidade transforma. Ela desenvolve habilidades como foco, organização, planejamento e resiliência emocional. Com a rotina intensa de cuidar de um bebê, aprender a ser mais eficiente com o tempo e lidar com imprevistos torna-se parte do dia a dia. Esses aprendizados, longe de limitarem a carreira, podem ser verdadeiros impulsionadores de crescimento.

Mesmo assim, a culpa ainda ronda muitas mães. Culpa por não estar com o filho o tempo todo. Culpa por não render no trabalho como antes. Culpa por tentar conciliar tudo. Segundo o relatório “Women in the Workplace 2024”, da McKinsey & Company em parceria com a LeanIn.Org, a taxa de desistência de mulheres em cargos de liderança ainda é significativamente maior após a maternidade, o que reforça a necessidade de ações corporativas mais consistentes para retenção de talentos femininos.

É preciso que as empresas compreendam que apoiar esse momento não é apenas uma questão de responsabilidade social, mas uma estratégia inteligente de negócios. Mulheres que se sentem respeitadas e apoiadas voltam ao trabalho mais motivadas, engajadas e com um propósito ainda mais claro.

Para isso, é essencial que haja redes de apoio internas e externas, políticas flexíveis e, principalmente, respeito ao tempo e ao espaço que essa nova fase exige. Estabelecer limites claros, priorizar o que realmente importa e aceitar ajuda são atitudes que ajudam a atravessar esse período de forma mais saudável e leve.

Maternidade e carreira não precisam ser caminhos opostos. Afinal, ser mãe também é ser profissional, e o mercado precisa enxergar isso com mais naturalidade, respeito e estrutura. Aproveite esse tempo, respeite seu corpo e seus limites e não tenha medo de pedir ajuda. Você pode ser uma mãe incrível e uma profissional de sucesso, basta encontrar o equilíbrio que funciona para você.

O editor, Michael França, pede para que cada participante do espaço “Políticas e Justiça” da Folha de S. Paulo sugira uma música aos leitores. Nesse texto, a escolhida por Talita Yone foi “Promete”, de Ana Vilela.


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