/ Jun 13, 2025

Meta aposta no ingrediente secreto da IA: cérebros humanos – 12/06/2025 – Tec

O thriller distópico “No Mundo de 2020” termina com o protagonista descobrindo que o alimento misterioso que sustenta os cidadãos de Nova York —o “Soylent Green” do título original em inglês— é, na verdade, feito de seres humanos.

A notícia de que a Meta pode adquirir 49% da empresa de inteligência artificial Scale AI por US$ 15 bilhões lembra uma reviravolta parecida. A IA, afinal, também é feita de gente.

Até agora, construir IA é, em grande parte, uma questão de gerenciar recursos escassos de natureza inanimada. Chips de ponta, por exemplo, estão em falta; há limitações energéticas a considerar. A maior parte dos investimentos da Meta —que podem chegar a US$ 72 bilhões neste ano— está reservada para servidores e centros de dados, o equivalente tecnológico ao cimento e tijolos.

Mas outros ingredientes também estão ficando escassos. Um deles são dados de qualidade, essencial para treinar modelos de IA com eficácia. Ilya Sutskever, cofundador da OpenAI, já alertou sobre a chegada ao “pico dos dados”, assim como o planeta se aproxima do “pico do petróleo”.

A Scale AI é uma empresa que tenta adiar esse esgotamento. Ela rotula, limpa, categoriza e corrige os chamados “tokens” e os modelos que os utilizam. O fundador, Alexandr Wang, afirma que os dados disponíveis gratuitamente já chegaram ao limite —o que vem pela frente será mais difícil de converter em um formato útil para esses algoritmos.

Esse também é um desafio para o CEO da Meta, Mark Zuckerberg. A privacidade é uma das questões que a empresa enfrenta: usuários europeus, por exemplo, podem negar à companhia o direito de usar seus posts públicos do Instagram para treinar modelos —o que não vale para seus amigos nos EUA. O fórum online Reddit está processando a desenvolvedora de modelos de IA Anthropic por coletar publicações de usuários sem autorização.

Parte da solução, como a própria Meta e suas rivais sabem, passa por mais gente. A Scale AI é defensora do chamado “aprendizado por reforço com feedback humano” (RLHF, na sigla em inglês), em que funcionários reais ajustam e orientam os modelos.

Wang acredita que os algoritmos funcionam melhor quando vêm acompanhados de uma pessoa —e assim continuará sendo por um bom tempo. Essa abordagem híbrida é conhecida como “IA centauro”.

Isso pode explicar por que a Meta estaria disposta não só a comprar quase metade da Scale AI, mas também a recrutar seu fundador para liderar uma nova divisão de “superinteligência”. O nome se aplicaria não só ao produto, mas também ao processo.

Levar a IA ao topo exige combiná-la não apenas com humanos, mas com humanos muito inteligentes —grandes cientistas e pensadores— para que a máquina aprenda não só o que os gênios sabem, mas como eles pensam.

É verdade que US$ 15 bilhões é muito dinheiro para atrair algumas mentes brilhantes. Segundo o The Information, a Scale AI deve faturar US$ 2 bilhões neste ano. Nessa base, a proposta da Meta avaliaria a empresa em 15 vezes esse valor.

Ainda assim, é uma quantia modesta para uma companhia que deve gastar US$ 44 bilhões em dividendos e recompra de ações em 2025, segundo a LSEG. Se Zuckerberg for o primeiro a alcançar a supremacia em IA —destravando um mercado potencialmente trilionário—, os US$ 15 bilhões parecerão troco. A disputa por chips, energia e dados já era acirrada; agora, os neurônios humanos também entraram no jogo.

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