Após o circo montado no depoimento da influenciadora Virginia Fonseca, ex-nora do cantor Leonardo, a CPI das Bets terminou em fiasco para o tamanho do problema que o país enfrenta com a explosão dos jogos de aposta. Pela primeira vez em dez anos uma CPI do Senado teve o relatório final rejeitado.
O documento pedia o indiciamento de 16 pessoas, incluindo Virginia e a influenciadora Deolane Bezerra. Os membros da comissão decidiram rejeitar o relatório e não enviar nenhuma sugestão de indiciamento às autoridades. Com o relatório arquivado, não acontece nada.
Não é demais lembrar que a CPI foi aberta em novembro do ano passado para investigar a influência das apostas online no orçamento das famílias e a ligação de sites com organizações criminosas para lavagem de dinheiro.
Na época, levantamento do Banco Central, mostrando que o brasileiro gastava cerca de R$ 20 bilhões por mês —R$ 3 bilhões via Pix de beneficiários do Bolsa Família—, chocou e gerou um grande debate nacional.
Em audiência na CPI em abril passado, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, atualizou os dados. Os brasileiros destinaram até R$ 30 bilhões por mês para apostas no primeiro trimestre deste ano.
Parlamentares mais sérios pularam fora da CPI. Não quiseram mais participar de nada porque viram que tinha muito rolo. Com tanto dinheiro em jogo, suspeita de extorsão, envolvimento de artistas renomados e de parlamentares, a comissão acabou sem dar respostas.
O mesmo ocorreu com a CPI da Câmara que investigou a fraude de R$ 20 bilhões das Americanas. A CPI ficou superesvaziada, com um monte de gente desimportante e à espera de investigação da Polícia Federal, que pode pegar parlamentares.
Aumentar a tributação das bets para fechar o buraco do Orçamento, como propôs o governo nesta semana com apoio de lideranças partidárias, não é resposta suficiente. É difícil encontrar hoje no Brasil uma pessoa que não conheça alguém por perto que não tenha tido problema com bets. O Senado ficou devendo.
