/ Jun 14, 2025

Renováveis resistem à pressão do governo Trump nos EUA – 13/06/2025 – Mercado

A produção de petróleo dos Estados Unidos deve cair no próximo ano pela primeira vez desde a pandemia de Covid-19, relatam Kristina Shevory e Jamie Smyth. A queda dos preços do petróleo —provocada pelo aumento da oferta da Opep+ e por temores em relação às políticas comerciais de Donald Trump— levou produtores a reduzirem a atividade de perfuração.

Enquanto o projeto de lei tributária de Trump é debatido no Senado, seu impacto já se espalha pelo setor de energia renovável. A empresa de energia solar residencial Sunnova entrou com pedido de falência na segunda-feira, sinalizando os desafios crescentes do setor caso subsídios federais cruciais sejam eliminados. Ainda assim, alguns agentes do setor acreditam que será possível navegar por um eventual retrocesso nos créditos fiscais.

Na edição de hoje do Energy Source, ouvimos investidores de longo prazo no setor de energia renovável dos EUA sobre por que eles não se deixam abalar com a possível revogação dos incentivos previstos na IRA (Lei de Redução da Inflação, da sigla em inglês).

Por que investidores veem oportunidades nas renováveis dos EUA

Enquanto o “grande e belo projeto de lei” de Trump avança no Senado, os possíveis cortes nos créditos fiscais para energia limpa acendem um alerta no setor de renováveis. Mas investidores de longo prazo seguem confiantes no crescimento do setor, apesar do ruído político.

A demanda por energia nos EUA deve crescer fortemente com a expansão de centros de dados movidos por inteligência artificial, a reindustrialização e a eletrificação da economia global. A Agência Internacional de Energia estima que os data centers responderão por quase metade do aumento no consumo de eletricidade dos EUA até 2030.

Investidores apostam que esse salto na demanda energética será um impulso ao setor, mesmo sem os incentivos fiscais da IRA.

“É importante separar o ruído dos fundamentos”, disse Jennifer Boscardin-Ching, gerente de portfólio temático ambiental da Pictet Asset Management. “Uma das maiores diferenças em relação aos últimos 20 anos é este ponto de inflexão no crescimento da demanda elétrica.”

Todd Bright, codiretor de infraestrutura privada nas Américas da Partners Group, concorda que a alta na demanda criará oportunidades para o setor.

“Vemos oportunidades em toda a cadeia —novos projetos de energia eólica, solar e de armazenamento— que hoje já são competitivos, em custo nivelado, com o gás natural”, afirmou.

Embora o projeto de lei de Trump possa afetar segmentos como solar residencial, eólica offshore e outras tecnologias emergentes que dependem de incentivos públicos, os investidores ainda veem espaço para crescimento em áreas mais consolidadas, como energia solar comunitária, eólica onshore e armazenamento em baterias, mesmo que em ritmo mais lento sem os subsídios.

Boscardin-Ching afirmou que a Pictet não mudou sua estratégia por causa da possível retirada dos incentivos e segue comprometida com projetos solares e eólicos nos EUA.

De forma semelhante, Bill Green, sócio da CAI (Climate Adaptive Infrastructure), fundo com US$ 1,3 bilhão (R$ 7,2 bilhões) em ativos, disse que a empresa continuará investindo em energia solar em escala comunitária e de concessionárias, além de eólica e armazenamento.

Todd Bright, da Partners Group, disse esperar que novos projetos sigam sendo construídos, mesmo sem os créditos da IRA, ainda que em ritmo mais lento.

“Independentemente do que acontecer com a IRA, a demanda continuará crescendo”, afirmou.

Fontes renováveis também têm a vantagem de serem mais rápidas e baratas de implantar na rede elétrica do que novas usinas a gás natural, que enfrentam escassez de turbinas.

John Ketchum, CEO da NextEra Energy, desenvolvedora de energia renovável, disse em abril que espera uma demanda acumulada de 450 gigawatts em nova geração até 2030. Mas prevê apenas 75 gigawatts de novas usinas a gás no mesmo período.

“Hoje, renováveis e baterias são a forma mais barata de gerar energia, e conseguimos conectar projetos à rede em 12 a 18 meses”, afirmou.

Empresas internacionais também estão apostando no setor. A sul-coreana OCI Holdings, fabricante de células solares, vai investir US$ 1,2 bilhão (R$ 6,6 bilhões) para expandir sua fábrica no Texas, apostando que a energia solar será a única forma de atender à crescente demanda impulsionada pela IA.

Alguns investidores acreditam que o foco do setor vai migrar dos subsídios para as grandes empresas de tecnologia, que estão dispostas a pagar mais por energia renovável para abastecer seus data centers de IA.

“As big techs têm operações globais, em lugares como Japão e Europa, onde a descarbonização é prioridade”, disse Henry Makansi, sócio da Kimmeridge. “Elas pensam no longo prazo, e esse governo é apenas um ponto passageiro dentro de uma megatendência de 30 anos.”

Outros investidores veem os possíveis cortes de incentivos como oportunidade. Pequenas empresas com menos capital podem ter dificuldades para lidar com a incerteza política e tarifária, abrindo espaço para empresas mais estruturadas ganharem mercado.

A incerteza também reduziu as avaliações de mercado dos desenvolvedores de energia, o que pode gerar bons negócios para quem tem visão de longo prazo.

“Empresas que há dois ou três anos pediam preços altos por portfólios pouco maduros agora estão mais abertas a negociações”, disse Makansi.

Bill Green, da CAI, afirmou que o setor de renováveis vai prosperar, e que a redução dos subsídios pode até ser positiva.

“As pessoas que não conhecem tão bem esse mercado, que ainda não entenderam que essa mudança é inevitável, são as que estão recuando”, concluiu. “Isso está abrindo espaço para nós.”

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