Pesquisa Datafolha mostra que quase metade (47%) dos brasileiros com 16 anos ou mais avalia que os recursos públicos do país são suficientes, mas estão sendo mal aplicados em serviços para a população.
Na série histórica sobre o tema, o resultado só fica abaixo do registrado em dezembro de 2016 (53%), nos primeiros meses do governo de Michel Temer (MDB).
Nas consultas realizadas em 2019, primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro (PL), 36% consideravam os recursos suficientes e mal aplicados (dado de agosto), percentual que ficou em 38% em dezembro daquele ano.
Já no governo Lula 3 (PT), o número foi de 40% em dezembro de 2023 e chegou a 45% em dezembro de 2024.
Segundo o Datafolha, no grupo que manifesta essa opinião, há, proporcionalmente, mais homens (51%) do que mulheres (44%), e uma taxa acima da média de pessoas de 25 a 34 anos (56%), que estudaram até o ensino superior (63%), de estratos de renda familiar mais altos (55% na faixa de dois a cinco salários, 59% na faixa de cinco a dez salários, e 57% entre quem tem renda superior a dez salários).
O percentual também é mais elevado agora entre eleitores de Jair Bolsonaro no segundo turno de 2022 (56%) e na parcela que considera o governo atual ruim ou péssimo (56%).
A pesquisa mostra que outros 32% concordam que os recursos estão sendo mal aplicados em serviços para a população, mas avaliam que os valores disponíveis para o governo são insuficientes.
Essa opinião era compartilhada por 36% em dezembro de 2016, 37% em agosto e dezembro de 2019, 28% em dezembro de 2023 e 35% em dezembro de 2024.
Neste caso, há uma proporção maior de mulheres (36%) do que homens (28%), com destaque também para brasileiros que estudaram até o ensino fundamental (38%).
O levantamento mostra ainda que 8% dizem que os recursos públicos são suficientes e estão sendo bem aplicados, percentual que já foi de 4% em 2026 (menor resultado desta série) e 17% em dezembro de 2023 (o maior da série).
Por fim, 9% avaliam que o dinheiro é insuficiente e está sendo bem aplicado. O número já esteve na mínima de 3% em 2016 e na máxima de 13% em agosto de 2019.
Segundo o Datafolha, na parcela de eleitores de Lula na última eleição presidencial, 15% avaliam que os recursos públicos atuais são suficientes e estão sendo bem aplicados. Para 13% são insuficientes, mas sua aplicação está sendo bem-feita.
A pesquisa foi realizada nos dias 10 e 11 de junho, com 2.004 entrevistas em todo o Brasil, distribuídas em 136 municípios. A margem de erro máxima é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%.
A pesquisa foi realizada cerca de duas semanas após o anúncio do governo de bloqueio em despesas do Orçamento de 2025 e de medidas para elevar a arrecadação ainda neste ano, que enfrentam resistência no Congresso e de empresas afetadas pelo aumento de alguns tributos, como o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
O governo também publicou na última quarta-feira (11) uma medida provisória para elevar a arrecadação de impostos e compensar o recuo em parte da alta do IOF.
Mesmo com as medidas, o governo ainda projeta fechar as contas no vermelho neste ano.
Especialistas em contas públicas avaliam que Executivo e Legislativo têm contribuído para a piora nas contas públicas, com o aumento de despesas obrigatórias como Previdência, dificuldade no controle de concessão de outros benefícios e a ampliação de emendas parlamentares e benefícios fiscais.
A carga tributária se mantém em nível elevado em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) para padrões internacionais, cerca de 33%, mas com uma arrecadação per capita baixa, segundo estudo divulgado pela entidade que reúne os secretários estaduais de Fazenda.