/ Jun 16, 2025

Reforma agrária: Colômbia sediará conferência após 20 anos – 16/06/2025 – Mercado

Vinte anos após a realização da primeira conferência internacional sobre reforma agrária, em Porto Alegre, a América do Sul sediará a segunda edição, na Colômbia, país que busca se inspirar na agenda brasileira para o setor.

A conferência acontecerá em fevereiro, em Cartagena, com a previsão de participação de representantes de mais de cem países, num momento em que o governo colombiano busca destravar as reformas no campo, e o brasileiro enfrenta dificuldades com movimentos de trabalhadores rurais.

Para a ministra colombiana da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Martha Carvajalino, será uma oportunidade para o planeta debater questões cruciais como o cuidado e a redistribuição justa da terra, além da segurança alimentar, combate às mudanças climáticas e o reconhecimento dos povos campesinos.

Em 2006, em Porto Alegre, o encontro resultou num documento que afirmava que a insegurança alimentar, a fome e a pobreza rural são resultantes de desequilíbrios no processo de desenvolvimento e que a reforma agrária deve levar em conta a conservação da terra e dos recursos naturais, especialmente para povos indígenas, e que, por isso, as políticas para o setor devem focar as populações pobres.

“Após esses 20 anos passando por múltiplas fases de desenvolvimento na questão agrária, há países que decidiram não avançar nela, mas há países como o nosso que vêm reconstruindo essa questão agrária para colocá-la em primeiro plano, apoiando-se fundamentalmente na experiência que o Brasil permitiu que o mundo acumulasse há 20 anos”, disse à Folha.

Embora o governo do economista e ex-guerrilheiro Gustavo Petro, primeiro presidente de esquerda da Colômbia, patine em relação a propostas que o elegeram, a reforma no campo avançou mais que em governos anteriores.

O Fundo Nacional de Terras tem sob sua gestão 578 mil hectares e há reconhecimento de mais de 700 mil hectares de territórios camponeses. O cenário inicial previsto para o mandato dificilmente será alcançado, mas o governo tem feito esforços, segundo Carvajalino, avançando na redistribuição de terras por meio da aquisição pelo valor de mercado, pagas pelo governo.

Dados oficiais apontam que 39,6 milhões dos 114 milhões de hectares da Colômbia são agricultáveis, mas que há três anos apenas 5,3 milhões eram aproveitados.

“A reforma agrária na Colômbia é uma agenda com mais de cem anos e, apesar de ter mais de cem anos, nunca conseguimos implementá-la. Tivemos duas reformas agrárias, em 1961 e em 1994, que não tiveram uma decisão política dos governos de turno para implementá-la. Este governo, que é o primeiro governo progressista na história republicana da Colômbia, decidiu colocar a reforma agrária no centro de todas as discussões”, disse ela, que é advogada, especialista em direito constitucional e mestre em direito pela Universidade Nacional da Colômbia.

Já no Brasil, há duas semanas, um grupo de integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e da CPT (Comissão Pastoral da Terra) ironizou o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, em audiência pública na Câmara de Votuporanga (SP), chamando-o de “ministro promessinha”.

O ato foi mais um exemplo da insatisfação do MST com o ministro, a quem atribui a lentidão no processo de reforma agrária. Numa feira sobre o tema em maio, na capital, o movimento fez apelo para que o governo Lula destinasse R$ 1 bilhão para o assentamento de famílias.

A ministra disse que tem trabalhado para a presença maciça da comunidade latino-americana na conferência e que encontrou muito apoio do Brasil, como coorganizador, e também de países como México, Chile e Uruguai.

China, países emergentes ou em desenvolvimento e nações asiáticas e africanas são esperados. Carvajalino disse ter encontrado apoio e espera “ter uma representação muito importante da comunidade europeia”.

“Espero que o encontro das nações do mundo aqui na Colômbia, 20 anos depois, nos permita fazer parte da agenda de trabalho que foi construída no Brasil, uma agenda atualizada, mais forte e global para a luta comum pela terra, pela redistribuição de terras, por sistemas agroalimentares justos, resilientes e sustentáveis, que nos permitam avançar globalmente no combate à fome e à pobreza, em torno da crise climática e, fundamentalmente, em torno da paz.”

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